Pular para o conteúdo principal

Vídeo mostra assessor negociando com jovem que acusa Feliciano

Para a Polícia Civil, gravação desmente depoimentos de Patrícia Léllis e Talmo Bauer sobre sequestro da jornalista, que acusa deputado de assédio

 
Um vídeo em posse da Polícia Civil de São Paulo mostra uma negociação entre a jornalista Patrícia Léllis, que acusa o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) de assédio, tentativa de estupro e agressão, e o chefe de gabinete do parlamentar, Talma Bauer. No diálogo, Bauer pergunta se o dinheiro que entregou a um emissário de Patrícia seria o suficiente para ela “se resolver”. Ao que a jovem responde: “Os 10.000 (reais)?”. Os investigadores acreditam que o dinheiro serviria para comprar o silêncio da jornalista sobre as acusações contra Feliciano. Na ocasião, o caso ainda não havia se tornado público. A gravação deixa claro que a jovem pediu e recebeu dinheiro do assessor, mas não esclarece se isso foi feito para evitar a denúncia contra Feliciano. Também não é possível concluir se houve ou não o crime de estupro. Patrícia denunciou Bauer por sequestro e ameaça – crimes já descartados pela polícia. Ele, que chegou a ser preso, afirmou em depoimento que não tentou subornar a jornalista, alegação também desmontada pelo vídeo.
A gravação é considerada por investigadores a principal prova de que a jornalista e o chefe de gabinete do deputado mentiram em seus depoimentos. O inquérito da Polícia Civil de São Paulo apura apenas a conduta de Bauer – e não as acusações da jovem contra o deputado. A polícia cogita agora indiciar tanto Patrícia quanto Bauer. Ela, por extorsão e falsa comunicação de crime. Ele, por favorecimento pessoal.
Leia também: PSC mantém Feliciano na liderança da sigla e processará jovem
A conversa gravada ocorreu em 30 de julho, por volta das 18 horas, no Hotel San Rafael, no Centro de São Paulo. Com eles está Emerson Biazon, que se apresenta como assessor do PRB. Ele contou à polícia ter participado de toda a negociação entre Patrícia e Bauer para que ela não denunciasse Feliciano publicamente. Na noite do último domingo, Patrícia registrou boletim de ocorrência contra Feliciano em uma delegacia de Brasília, por tentativa de estupro, assédio sexual e agressão. Segundo o relato, o crime aconteceu na manhã do dia 15 de junho, no apartamento funcional do parlamentar na capital federal. Um pedido de apuração sobre o caso está nas mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Na gravação, Patrícia e Bauer tratam do pagamento e ele afirma que já repassou 50.000 reais a Arthur. Para a polícia, trata-se de Artur Mangabeira, um conhecido de Patrícia escolhido para intermediar o pagamento. Mangabeira, como indica a gravação, afirmou à jornalista que recebeu de Bauer a quantia de 10.000 reais. Ao ser informada de que o valor foi superior, Patrícia demonstra surpresa. Ela chega a pedir a Bauer que “faça alguma coisa” contra Mangabeira.
Patrícia ficou hospedada por uma semana no hotel em que se dá o diálogo gravado. E recebeu a visita da mãe e do irmão no período. Para a polícia, são mais indícios de que ela não foi mantida em cárcere privado, como alega. Os investigadores também obtiveram fotos em que Patrícia e Bauer são retratados em momentos de descontração, dentro do carro e em restaurantes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular