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Crise com Lava Jato corrói patrimônio dos donos do grupo Odebrecht

 
A família Odebrecht começou a sentir no bolso o peso da Operação Lava Jato e da recessão econômica. Segundo o balanço da empresa que controla o grupo, a crise que ele atravessa tirou no ano passado R$ 1,1 bilhão das suas reservas de lucro, dinheiro separado pelos controladores para futuros investimentos.
É o equivalente a 8% da fortuna pessoal dos controladores do grupo, estimada em R$ 13 bilhões pela revista americana "Forbes". As perdas devem aumentar neste ano, segundo o balanço.
A situação levou os acionistas a se reunir nesta quinta (4) em Salvador, onde fica a sede do grupo, para discutir o futuro dos negócios. A família está preocupada com os rumos da economia e a Lava Jato, que tem a Odebrecht como um de seus alvos principais.
A empresa decidiu colaborar com a investigação do vasto esquema de corrupção neste ano e negocia há meses com o Ministério Público Federal um acordo de delação premiada, para fornecer informações sobre seus crimes em troca da redução das penas impostas a seus executivos.
O ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba desde o ano passado, e dezenas de outros executivos estão prestando depoimentos e apresentando provas. Se o acordo for aceito pela Justiça, a empresa terá que pagar multas elevadas.
O balanço mostra que o prejuízo dos controladores alcançou R$ 1,7 bilhão em 2015. No ano anterior, foi registrado lucro de R$ 161 milhões.
Os controladores tomaram no ano passado empréstimos em dólar com o braço financeiro do grupo no exterior para cobrir prejuízos sofridos por seus negócios no Brasil, trazendo para o país o equivalente a R$ 450 milhões.
Em 2014, quando a Lava Jato começou, os controladores já tinham tomado R$ 305 milhões emprestados. Hoje, o saldo da dívida com sua subsidiária é de R$ 1 bilhão. Um terço desse valor se deve à variação cambial, reflexo da situação econômica do país.
Em grupos com dificuldades financeiras, essa manobra entre duas empresas do mesmo grupo é comum para evitar perdas no caixa. A ideia é trocar recursos disponíveis em companhias controladas para adiar a busca por financiamentos bancários.
Com uma dívida de R$ 110 bilhões, a Odebrecht está em situação complicada. Muitos bancos passaram a exigir novas garantias dos controladores para renegociar suas dívidas, o que significa que só aceitam conceder mais prazo cobrando juros maiores.
Para tentar reverter esse quadro, o grupo tenta, desde o ano passado, vender empresas e participações para levantar cerca de R$ 12 bilhões e pagar os credores.
Estão à venda uma hidrelétrica e um gasoduto, ambos no Peru, participações em um campo de petróleo em Angola, empresas de saneamento básico e um pedaço da hidrelétrica de Santo Antônio (RO).
RISCO
Investidores têm manifestado interesse em adquirir o controle desses negócios, mas a Odebrecht ainda resiste em muitos caos. A preocupação dos investidores é com o risco de virar sócio de uma empresa que ainda tem contas a acertar com a Justiça.
A Odebrecht ainda não sabe estimar o impacto da Lava Jato. Mas os controladores afirmam no balanço que as perdas devem aumentar neste ano, porque eles ainda não fizeram reservas necessárias para o pagamento de multas e indenizações que ainda serão estabelecidas pela Justiça.
O Ministério Público Federal já indicou que pedirá pelo menos R$ 6 bilhões, como a Folha informou em junho. Participantes das negociações com os procuradores acham que a Odebrecht terá condições de reduzir o valor para algo próximo de R$ 1,5 bilhão.
Além de livrar Marcelo Odebrecht da prisão e reduzir as penas dos executivos do grupo, um acordo permitirá que a empresa volte a contratar com o setor público e remova restrições que atualmente impedem seu acesso a crédito nos bancos.

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