Imbróglio aproxima Odebrecht Óleo e Gás de recuperação judicial
Petrobras pediu para que a empresa, que é sua fornecedora e tem a estatal como única cliente em perfuração, paralise quatro de seis sondas em atividade
Bancos e investidores da OOG acompanham a situação com preocupação. As partes já tinham avançado num reescalonamento do calendário de pagamentos de juros da OOG desde que a Petrobras cancelou o contrato do navio-sonda ODN Tay IV, uma das quatro plataformas que garantem bônus da empresa, em setembro passado.
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Divisão da maior empreiteira do país na área de petróleo e gás, a OOG tinha cerca de 5 bilhões de dólares em dívida no mercado. A maior parte do montante vence até 2022. Do total, cerca de 2 bilhões de dólares estão com bancos, enquanto o restante está nas mãos de outros investidores, segundo documento da própria OOG referente a 2015.
A Petrobras, cujo plano de investimento foi reduzido drasticamente na esteira da queda do petróleo e do escândalo de corrupção, não pode suspender unilateralmente a atividade das sondas, cujos contratos terminam entre 2021 e 2022. Por isso, a estatal está pedindo a paralisação dos serviços, que teria como consequência uma diminuição dos pagamentos. De outro lado, a OOG tem preferido encontrar uma solução negociada, na tentativa de evitar maiores quedas em suas receitas.
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Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, o prazo da eventual paralisação das plataformas é um dos principais pontos de impasse. Com a percepção de que o preço internacional do petróleo não deve voltar ao patamar de 100 dólares o barril por vários anos – a cotação atual está na casa de 44 dólares -, a Petrobras quer uma parada total de quatro das seis sondas da OOG por um período de cerca de dois anos.
A paralisação total de uma sonda, operação chamada no jargão do mercado de parada fria, reduz fortemente seu custo de manutenção.
Uma suspensão mais permanente das plataformas da OOG teria como um dos desdobramentos a suspensão de mão de obra treinada que, numa recontratação futura, também levaria mais tempo de preparação para entrar em atividade.
Por isso, a OOG quer uma parada parcial, a parada quente, o que manteria as plataformas numa condição semi-ativa, situação que facilitaria uma retomada das atividades, mas que também tem um custo de manutenção maior, de acordo com uma das fontes.
Uma sonda da OOG em atividade custa diariamente cerca de 350.000 dólares. A atividade de perfuração responde hoje por mais de metade das receitas da OOG.
Consultada pela agência Reuters, a OOG afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto. A Petrobras afirmou que “continua adequando sua frota de sondas aos novos níveis de demanda” e que segue “buscando reduzir custos através de negociações com os fornecedores”.
(Com Reuters)
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