Pular para o conteúdo principal
Estadão
Paulo Guedes

Líder do PSOL representa contra Guedes na PGR e Comissão de Ética Pública por fala sobre AI-5

BRASIL
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), líder do PSOL na Câmara, fez representações à Procuradoria Geral da República e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República nas quais pede que o ministro da Economia, Paulo Guedes, seja investigado por suas declarações a respeito de o governo adotar medidas similares ao AI-5 em casos de manifestações populares.
Segundo Valente, as falas de Guedes contrariam o Código de Conduta da Alta Adimnistração Federal, pelo qual as altas autoridades têm o dever de dar o exemplo na defesa da Constituição, e ferem o decoro imposto ao cargo.
“A Constituição Federal de 1988 consagrou a República Federativa do Brasil como Estado Democrático de Direito, baseado na soberania popular e com eleições livres e periódicas. É inadmissível que um Ministro de Estado incite quebra da ordem democrática, invocando o retorno o AI-5, por meio da qual os direitos políticos, liberdades e garantias do povo brasileiro foram brutalmente afetados”, diz a representação feita pelo líder do PSOL.
Guedes dise, em entrevista coletiva em Washington, que ninguém deveria de se assustar caso apareça mais alguém defendendo medidas semelhantes ao AI-5. O ministro não é a primeira pessoa próxima ao presidente Jair Bolsonaro a falar sobre a volta do AI-5. O deputado Eduardo Bolsonaro (sem partido-SP) já sugeriu a criação de um “novo AI-5” para impedir manifestações no Brasil. Ontem a Comissão de Ética da Câmara abriu proceso contra Eduardo para investigar a declaração.
Segundo Valente, as declarações de Paulo Guedes mostram que o governo está com medo de que as políticas de ajuste fiscal gestadas no Ministério da Economia provoquem uma onda de manifestações populares semelhante à que sacode o Chile há 40 dias.
O Ato Institucional número 5 (AI-5) foi assinado em dezembro 1968 pelo presidente Costa e Silva e durou até 1978, marcando a fase mais violenta da ditasdura militar (1964-1985). O ato dava ao presidente poderes para intervir no Congresso Nacional e Assembleias Legislativas, cassar mandatos de opositores, censurar a imprensa e manifestações artísticas, suspender o direito ao Habeas Corpus entre outras arbitrariedades.
Líderes da oposição ao governo Bolsonaro no Congresso avaliam que a fala de Guedes, sobre a adoção de medidas semelhantes ao AI-5 em caso de manifestações populares derruba o discurso de que a agenda econômica estaria blindada das declarações polêmicas e autoritárias de outros setores do governo. “Não tem essa. O governo é um só. Essa divisão que se faz de que o Bolsonaro é um louco e o Paulo Guedes toca uma agenda racional não existe”, disse o deputado Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente do PT.
Segundo ele, ao falar do risco de endurecimento diante da possibilidade de manifestações contra as medidas econômicas impopulares é uma tentativa de jogar no colo da oposição a culpa pelas dificuldades enfrentadas para aprovar no Congresso as propostas econômicas do governo. “Querem passar a ideia de que vão passar todo este pacote de retirada de direitos e que o povo vai ficar quieto”, disse Falcão.
Segundo ele, a bancada do PT vai fazer uma representação contra Guedes junto à Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República.
A fala de Guedes desagradou inclusive lideranças políticas de centro que não têm vínculo com o governo mas defendem as reformas na economia. “Essa declaração não foi boa. A questão democrática tem que ter centralidade. Democracia não é tática, é valor”, disse o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, colaborador próximo do apresentador Luciano Huck, amigo de Guedes.
Para Hartung, no entanto, é precipitado dizer que as declarações do ministro sobre o AI-5 vão prejudicar o andamento das reformas. “Essa agenda é importante para o país. Tem apoio a itens da agenda vindo se forças políticas e sociais diversas que não estão no governo. Ele precisa corrigir isso para seguir em frente na modernização do país”, disse o ex-governador.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular