Pular para o conteúdo principal
Agência Senado
Ricardo Salles

Desmatamento ilegal zero não deve acontecer, diz ministro do Meio Ambiente

BRASIL
Após o país ter batido o recorde desta década de destruição da floresta amazônica, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defende a adoção de meta para redução do desmatamento ilegal no Brasil.
Ao programa de entrevistas da Folha e do UOL, em um estúdio compartilhado em Brasília, na terça-feira (26), Salles afirmou, porém, que, chegar a zero, por se tratar de uma atividade ilegal, não deve acontecer.
“É necessário ter uma estratégia que perdure, que faça com que o desmatamento ilegal diminua ano a ano”, disse.
Salles afirma que, se em 2020 o país atingir um aumento anual do desmatamento inferior a 29,5%, como o constatado entre agosto de 2018 e julho de 2019, “será uma conquista”.
Às vésperas da Conferência da ONU para as Mudanças Climáticas, a COP-25, que começa na segunda (2), ele afirma que o Brasil discute mudanças no Fundo Amazônia, como a composição do conselho, as regras de aprovação e as diretrizes gerais, e considera que, para 2020, o país deveria receber pelo menos US$ 10 bilhões do Acordo de Paris.
Meta para 2020
Qualquer número abaixo do que foi neste ano terá sido uma conquista, uma vez que a tendência é de subida. É preciso ter uma boa estratégia para para reverter de uma hora para outra uma tendência de sete anos.
Que reversão é essa? É de alguns percentuais para menos? Nós vamos ver. Quanto foi o aumento? 29%. Quer dizer que nós estamos felizes com os 29%? Não, nós queríamos que fosse bem menor.
O importante é ter algo que seja sustentável, que perdure no tempo. É necessário ter uma estratégia que perdure, que faça com que o desmatamento ilegal venha diminuindo ano a ano.
Destruição cultural
Há uma questão cultural relativa à abertura de áreas para plantio. Faz parte da dinâmica da produção no Norte do Brasil, até porque tem baixa tecnologia, pouca tecnologia de produção agrícola.
Portanto, para recuperar o solo e mantê-lo produtivo, faz parte da história daquela região a abertura de uma área. É uma questão de constatação da realidade.
Infelizmente, nós padecemos no Brasil de uma tendência de não discutir os assuntos de maneira aberta. Há um patrulhamento em cima de certos temas que não permite que se discutam as questões de maneira aberta, fundamentada, com opiniões diferentes.
Acordo de Paris
O Brasil é um modelo para o mundo de conservação ambiental.
Agora, nós precisamos ter o recurso que nos foi prometido no Acordo de Paris, de 2015. Recurso esse que se inicia no ano que vem e que, segundo as negociações, naquela altura, é de US$ 100 bilhões [R$ 425 bilhões] por ano.
Nós precisamos que o Brasil, que é um país que é um exemplo de sustentabilidade, receba uma parcela significativa desses recursos dos US$ 100 bilhões.
No mínimo, nós teremos direito aí a uns US$ 10 bilhões [R$ 45 bilhões] por ano, no mínimo. Mas isso compete aos países que nos prometeram isso.
Conferência do Clima da ONU
Em outubro, tivemos o menor índice de queimadas da Amazônia dos últimos 21 anos. Estive em Nova York, Washington, Londres, Paris e Berlim. Ficou claro que havia ali uma questão de desinformação.
Vamos diferenciar a questão da retórica política da questão administrativa.
O ministro Gerd Müller [da Cooperação Econômica e Desenvolvimento] já manifestou o interesse da Alemanha em retomar as contribuições para o Brasil por meio do Fundo Amazônia. E nós temos outros instrumentos, como o fundo que foi lançado com os Estados Unidos de US$ 100 milhões e o fundo com o BID para capital privado, que já começa agora com um tíquete de US$ 50 milhões.
Mudança no Fundo Amazônia
É um assunto que está avançando. Os países que participam, a Alemanha e a Noruega, estão bastante engajados nessa discussão.
A importância é ter a noção de que precisa gerar resultados. Ao gerar resultado, você consegue mensurar qual é a capacidade de mudança de impacto do fundo. [As mudanças são] basicamente, composição do conselho, regras de aprovação e diretrizes gerais.
São os quesitos importantes para que a política pública gere os resultados necessários de melhoria efetivamente da situação da Amazônia. Isso ainda está em discussão entre os três: Brasil, Alemanha, Noruega.
Destruição de maquinário
Essa é uma discussão antiga que tem diversas facetas. O Brasil é um país com o devido processo legal e que as pessoas têm direito ao contraditório e à ampla defesa.
O que precisa fazer neste momento: a Advocacia-Geral da União recebeu pareceres e informações para construir uma saída jurídica, mas que atenda também à preocupação com a preservação ambiental. Há um pleito de que se verifique a norma.
A análise que será feita é decidir se há necessidade ou não e se há fundamento ou não para qualquer alteração. Não se tem uma decisão definida.
Vazamento de óleo
O governo federal usou todos os mecanismos disponíveis desde o começo, entre eles um sistema de radar, satélites e navios-patrulha. A varredura daquela região é muito complicada.
Para você identificar de onde veio aquele óleo, é uma grande dificuldade, sobretudo esse óleo especial que vem abaixo do nível da superfície, a um metro e meio, na chamada subsuperfície.
As estatísticas mostram que o volume já reduziu bastante e que os pontos de toque de óleo na costa também já reduziram bastante. Mas, como não se sabe exatamente quanto de óleo foi derramado e em quais circunstâncias, você não consegue ter a certeza de dizer que já se exauriu.
Evolução patrimonial
[O Tribunal de Justiça de São Paulo] não considera irregular. Ele diz que quer saber. Na verdade, a declaração sobre a qual se funda a investigação do Ministério Público é em cima de dados que eu próprio forneci. É a minha declaração de Imposto Renda, dados que eu dei. Portanto, se são dados que eu dei, eles podem ser conferidos. Agora, a questão técnica e tudo mais o processo vai mostrar.
Mudança de partido
Eu sou ministro na cota pessoal do presidente. Portanto, a minha filiação partidária é absolutamente indiferente para minhas funções de ministro, porque é o assunto que toma 100% do meu tempo.
Hoje, como estou dedicado à gestão do ministério, questões partidárias, nesse momento, não são o meu foco.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular