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Escândalo de corrupção da Odebrecht vira tema de debate no Congresso americano

Foto:  Estadão
Deputados do Comitê de Relações Exteriores consideram caso ‘sem precedentes’ e citam nome do agora ministro Sérgio Moro, ex-juiz da Operação Lava Jato
Três anos depois de vir à tona no Brasil, o escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht virou pauta no Congresso americano. Deputados do Comitê de Relações Exteriores da Câmara consideraram que o caso Odebrecht era “sem precedentes” e realizaram nesta terça-feira, 26, a audiência Entendendo a Odebrecht – lições para combater a corrupção nas Américas. O debate incluiu menção ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, à prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer e ao presidencialismo de coalizão no Brasil. A audiência também contou com discussões sobre a estratégia americana para prosseguir com investigações de corrupção por atos praticados por estrangeiros. “Vamos focar na Odebrecht e nas opções políticas dos Estados Unidos para apoiar a luta contra a corrupção na América Latina. A Odebrecht é uma firma de construção brasileira, mas esse nome se tornou sinônimo de um dos maiores escândalos globais de corrupção da história”, anunciou o deputado democrata Albio Sires, na abertura da sessão. Em dezembro de 2016, a Odebrecht e a Braskem assinaram um acordo com autoridades do Brasil, Estados Unidos e Suíça no qual se comprometeram a pagar uma multa global de R$ 6,8 bilhões – 80% do valor era destinado ao Brasil. No acordo com as autoridades, a Odebrecht confessou ter pago mais de US$ 700 milhões em propina em 12 países, incluindo o Brasil. A maior parte do esquema no exterior atingiu países da América Latina, como Peru, Colômbia e Venezuela, além de dois países africanos. “Na semana passada, o presidente Michel Temer foi preso por aceitar propina de contribuições de campanha da Odebrecht e outras firmas”, disse o deputado, mencionando a atualidade do tema. A prisão preventiva de Temer decretada pelo juiz Marcelo Bretas, no entanto, não teve relação com as investigações ligadas à Odebrecht. Sires afirmou que a corrupção é, com frequência, um obstáculo para que os EUA financiem projetos de países na América Latina. Segundo ele, sempre que há tentativa de levantar fundos ou investimento para países envolvidos à corrupção, surge a pergunta: “por que devemos dar dinheiro a países que são tão corruptos e onde o dinheiro pode não ser destinado para o plano inicial?”. “É uma pergunta difícil de responder quando você está tentando avançar em algum investimento para esses países”, afirmou. Michael Camilleri, um dos convocados para prestar informações aos congressistas sobre o assunto, avaliou que em alguns países “ex-presidentes, CEOs e ministros foram para a cadeia, enquanto em outros, as investigações não avançaram”. “Os sistemas judiciais que tiveram maior sucesso são caracterizados por independência do Ministério Público, capacidade técnica, uso de instrumentos como delação premiada, apoio da sociedade civil e imprensa independente”, afirmou Camilleri, que é ex-diplomata do governo Barack Obama e o atual diretor do centro de Rule of Law do instituto The Inter-American Dialogue. Parlamentares e depoentes estavam familiarizados com a existência do “Setor de Operações Estruturadas” da empresa – o departamento de propina, por meio do qual eram operacionalizados os pagamentos de valores ilícitos em caixa dois eleitoral ou através de contas de offshore no exterior.
Estadão

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