Pular para o conteúdo principal
Agenda de Mourão em viagem aos EUA incomoda aliados de Bolsonaro
Foto: Agência Brasil
O roteiro de compromissos que o vice-presidente Hamilton Mourão traçou para sua visita aos EUA na próxima semana incomodou aliados de Jair Bolsonaro.

Auxiliares do Planalto avaliam que a agenda, que prevê reunião com o vice-presidente americano, Mike Pence, além de encontros com imigrantes e pensadores de esquerda, reforça a tese de que Mourão quer se firmar como figura mais plural e dissonante do governo.

Bolsonaro esteve nos EUA na semana passada para encontro com o presidente Donald Trump, na Casa Branca, enquanto Mourão permaneceu no Brasil.

Além da reunião bilateral, Bolsonaro se encontrou com empresários, líderes evangélicos e nomes ligados à direta americana, atendo-se a uma audiência ideologicamente conservadora.

Mourão, por sua vez, deve ir a Washington na segunda-feira (8/4) para se encontrar com Mike Pence e discursar no Conselho das Américas e no Brazil Institute, do Wilson Center, que costumam receber personalidades de diferentes campos políticos.

Antes disso, participará da Brazil Conference, organizada por estudantes da universidade Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Também se encontrará com imigrantes brasileiros, em Boston, e com o filósofo Roberto Mangabeira Unger, que assessorou o ex-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) e já fez diversas críticas a Bolsonaro.

O movimento despertou a atenção do grupo ligado aos filhos do presidente e ao escritor Olavo de Carvalho, que mora nos EUA e é considerado guru ideológico do governo brasileiro.

Olavo está em constante embate com a ala militar do Planalto —especialmente Mourão e, mais recentemente, Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro general da Secretaria de Governo.

Na avaliação de membros da ala ideológica, entre os militares que cercam Bolsonaro existem aqueles que não se importam com a influência olavista sob o governo, como é o caso do tenente-coronel Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), os que olham para isso com alguma neutralidade, como o general Augusto Heleno (GSI), e os que não gostam da tutela, como Mourão e Santos Cruz, justamente os dois que estarão nos EUA na próxima semana.

Olavo de Carvalho usou dos seus já habituais ataques nas redes sociais para externar o pensamento que corre nos bastidores.

Afirmou que o evento em Harvard "virou festinha comunotucana" e voltou a atacar Mourão e Santos Cruz. O polemista foi desconvidado para o evento porque, segundo os organizadores, não houve sucesso na formação do painel do qual ele participaria.

"No ano passado, saí de Harvard envergonhado de ter participado de um cirquinho miserável, com interlocutores incapazes de apreender qualquer ideia superior a slogans de propaganda. Este ano, estou feliz de ter sido desconvidado. Não tenho nada a discutir com Dilma, com Jean Wyllys, nem com Santos Cruz e Hamilton Mourão", escreveu Olavo.

A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-deputado Jean Wyllys, porém, não estão entre os convidados. Além de Mourão e Santos Cruz, falarão no evento o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles (MDB), o ex-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, entre outros.

Durante a visita de Bolsonaro aos EUA, Carvalho disse que Mourão era um idiota com mentalidade golpista.

A atuação do vice-presidente foi tema em rodas de conversas nos jantares organizados para Bolsonaro em Washington. Mourão tem compartilhado opiniões diferentes das do presidente em temas relevantes para o governo e virou alvo dos conselheiros mais ideológicos do Planalto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular