Se a ideia por enquanto é apenas aumentar o nervosismo do ex-juiz Sérgio Moro, a divulgação de mais uma conversa, desta vez entre procuradores da Lava Jato à época, certamente produzirá efeito.
Moro estava mal acostumado com a condição de figura pública inimputável, paparicado onde pusesse os pés, aspirante a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal e eventual candidato à sucessão de Bolsonaro.
Mas o que ontem veio a público por meio de uma parceria entre o site The Intercept, o jornalista Reinaldo Azevedo e a rádio BAND está muito distante de parecer um tiro mortal. Foi, digamos, um tiro de raspão.
Sabia-se que Moro enviara uma mensagem ao procurador Deltan Dallagnol sugerindo a substituição da procuradora Laura Tessler como representante da Lava Jato em audiência marcada com Lula no caso do tríplex do Guarujá.
O ex-presidente seria interrogado por Moro. Na avaliação dele, Tessler tivera um desempenho fraco em outra audiência. Que fosse trocada por outro procurador. Ou então que fosse treinada para sair-se bem.
Soube-se agora que o Dallagnol discutiu o assunto com o colega Carlos Fernando dos Santos Lima. E que Tessler acabou substituída na audiência com Lula por outros dois procuradores.
É mais uma evidência de que Moro foi tudo menos isento na condução do processo que resultou na condenação de Lula, posterior prisão e impedimento de disputar a eleição presidencial do ano passado.
Moro defendeu-se dizendo que sua mensagem para Dallagnol pode ter sido adulterada. Se não foi, não revelaria nenhum ato ilícito. Só a justiça poderá dizer se o ex-juiz transgrediu a lei. Mas tudo indica que não dirá tão cedo.
De fato, melhor que dê tempo ao The Intercept para que esvazie antes seu estoque de mensagens e de gravações que diz ter contra Moro e procuradores – não só de Curitiba, mas também de outras cidades.
Vida que segue – a de Moro, a inspirar maiores cuidados.
Comentários
Postar um comentário