Pular para o conteúdo principal

TSE cogitou dar ‘poder de polícia’ a juízes contra fake news

Foto: / Estadão
Rosa Weber
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) discutiu reservadamente dar “poder de polícia” para permitir que juízes eleitorais removessem fake news disseminadas na internet, mesmo sem serem provocados por alguém. A proposta de minuta da equipe do ministro Luiz Fux, no entanto, não foi levada adiante, por abrir margem para excessos e censura, segundo o Estado apurou com fontes que acompanharam o debate. A iniciativa de “controle da internet” consta nas atas do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, que foram tornadas públicas por decisão da atual presidente do TSE, ministra Rosa Weber. Conforme o Estado revelou, a gestão Fux (que presidiu o TSE de fevereiro até agosto do ano passado) havia decidido manter sigilo sobre as atas até 2023, o que contrariou especialistas na área e surpreendeu integrantes da Corte Eleitoral. Por entender que a questão é de interesse público, a ministra Rosa Weber derrubou o sigilo em decisão publicada nesta segunda-feira, 27. Atualmente, os juízes eleitorais possuem “poder de polícia administrativa” para determinar, por iniciativa própria, a remoção de propaganda eleitoral irregular, como outdoors espalhados pelas ruas e faixas de candidatos dispostas sobre gramados, por exemplo. A proposta discutida pelo conselho do TSE em junho do ano passado era garantir esse poder também para a análise do conteúdo falso disseminado na internet: ou seja, um juiz poderia examinar sozinho se o conteúdo divulgado na web era ou não fake news – e ele mesmo determinar a sua remoção, mesmo sem ser provocado por alguém. A minuta de Fux, no entanto, nunca foi votada pelo plenário do tribunal devido à forte resistência dentro do conselho. Procurado, o gabinete do ministro não havia se manifestado até a publicação deste texto. “É uma questão um pouco complicada. Eu prefiro o modelo de quem se sentir ofendido procurar a Justiça Eleitoral e ela rapidamente decide. Fake news não é tão evidente quanto um cartaz colado sobre a grama, a própria caracterização dela é algo muito complicado”, disse o ex-ministro do TSE Henrique Neves. O professor do Mackenzie Diogo Rais, especialista em direito eleitoral digital, concorda. “O juiz não deveria julgar se (a notícia) é verdade ou mentira, e sim se há dano para o candidato, para o partido. O juiz não deveria virar árbitro da verdade, na ideia do controle moral de verdade. O direito não tutela a verdade ou a mentira, e sim dano e dolo”, avalia. Para Rais, a decisão de Rosa Weber de levantar o sigilo das atas enriquece o debate público e técnico sobre um tema que interessa o País. “Não se trata de julgar o papel do TSE no ano passado, mas de pensar as eleições de 2020 de forma mais realista. Com base nas atas, sabemos com grau maior de certeza até onde eles chegaram (nas discussões)”, acrescenta.
Estadão

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.