Gerentes de banco e doleiro são suspeitos de ajudar a lavar quase R$ 1 bilhão, diz MPF
Uma bancária foi presa em casa nesta terça (28), em desdobramento da Operação Câmbio, Desligo.
TV Globo
Nova fase da Lava-Jato prende funcionários de banco no Rio
Alvos de mais uma etapa da Lava Jato no Rio na manhã desta terça-feira (28), o doleiro Júlio Andrade e os gerentes do Bradesco Tânia Fonseca e Robson Silva são suspeitos de ter ajudado a lavar R$ 989,6 milhões por meio do sistema bancário.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro determinou a prisão preventiva de Júlio e a temporária de Tânia e Robson. O MPF investiga a participação dos três no esquema exposto nas operações Eficiência e Câmbio, Desligo, comandado pelos doleiros Vinícius Claret e Cláudio Barbosa, operadores de Sérgio Cabral.
Tânia foi presa em casa, na Zona Oeste do Rio. Júlio e Robson não foram encontrados - há a informação de que Robson está na Argentina.
Tânia Fonseca, funcionária do Bradesco, chega à sede da PF no Rio — Foto: Reprodução/TV Globo
Recursos para evitar grandes saques
O MPF explica que a lavagem de dinheiro precisou aumentar o número de "passos" a fim de despistar as autoridades, sobretudo o Banco Central e o Coaf. Grandes saques em dinheiro, por exemplo, passaram a ser evitados. O esquema, então, passa a se valer de cheques e boletos, além do dólar-cabo.
Em linhas gerais, os doleiros captavam cheques recebidos no varejo e os depositavam em contas bancárias de empresas fantasmas.
Dos valores creditados com os cheques eram descontados boletos - e só então dinheiro em espécie era repassado, fora das instituições bancárias.
O montante a ser lavado - e comprado por empresas como a Odebrecht, segundo o MP - ainda passava pelo procedimento conhecido como dólar-cabo. A transação era feita de uma conta para outra, no exterior, e compensada no Brasil.
As atividades e movimentações nessas contas, prossegue o MPF, só eram possíveis com a participação de gerentes de bancos que descumpriam regras de "compliance".
O esquema servia para geração de reais em espécie que, posteriormente, eram vendidos a empresas que desejavam esfriar recursos.
O MPF afirma que Júlio Andrade era responsável por abrir as contas-fantasma utilizadas nas transações, bem como por fornecer telefones “frios” e indicar empresas que alugavam salas por curtos períodos para guardar o dinheiro obtido. Ao menos sete empresas foram identificadas e são alvo de busca e apreensão.
Na época dos fatos, Tânia e Robson eram gerentes-gerais de agências do Banco Bradesco na Barra da Tijuca e em Vila Isabel, recebiam a documentação das empresas criadas por Júlio e indicavam os locais onde as contas bancárias deveriam ser abertas.
Para os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, houve falha no sistema de compliance das instituições financeiras.
“As instituições financeiras onde as contas foram abertas, em especial o Banco Bradesco, descumpriram os deveres de compliance, possuindo como consequência direta, além do fomento à lavagem de dinheiro acima demonstrado, a violação à livre concorrência, pois as instituições que dispendem recursos no compliance acabam restringindo seus negócios, sem contar no custo que é dedicado aos setores de conformidade”, afirmam.
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