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 Filha de operador do PSDB se recusou a dar senha de celular, afirma Lava Jato

/ Estadão
Paulo Vieira de Souza
Em relatório de busca e apreensão da Operação Ad Infinitum, fase 60 da Lava Jato, a Polícia Federal registrou que a psicóloga Tatiana Arana de Souza, filha do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, e o marido se recusaram a fornecer a senha de seus celulares. A filha de Vieira de Souza, apontado como operador do PSDB, foi alvo de mandado de busca e apreensão da Lava Jato do Paraná. Ele foi preso preventivamente no dia 19. “Inicialmente, a sra Tatiana e seu marido Fernando informaram não possuir celulares. Instados novamente, apenas a sra Tatiana forneceu o aparelho”, narrou a PF à Justiça. “Iniciadas as buscas foi localizado o aparelho dentro da mochila do quarto da criança. Ambos se recusaram a fornecer senha.” Na casa de Tatiana, a PF apreendeu um computador e os dois aparelhos celulares. Os agentes pegaram ainda um ‘conjunto grampeado de documentos, contendo quatro laudas com 32 nomes impressos, intitulado ‘cartel-relação de testemunhas’. A filha de Paulo Vieira de Souza foi alvo de buscas porque é sócia do pai em empresas investigadas. Na casa de Vieira de Souza, a PF achou um total de R$ 216.015,02 em um envelope de segurança. Os valores estavam divididos em três moedas: R$ 93,25 mil, EUR 20 mil e US$ 10,128 mil. O dinheiro apreendido com o operador do PSDB é muito superior àquele encontrado em três contas bancárias de sua titularidade. O Banco Central bloqueou na quinta-feira, 21, R$ 396,75 de Paulo Vieira de Souza. A juíza Gabriela Hardt havia ordenado o confisco de R$ 100 milhões do engenheiro. Além dos R$ 216 mil, a PF apreendeu uma caixa com onze relógios: um com o símbolo do Corinthians, outro da marca Tommy Hilfiger, um da Swiss Army, um da Ferrari, um da Hublot, um relógio Universal dourado, um Cartier prateado com dourado, um Jaeger-Lecoultre, dois Bulgari e um HStern. Os agentes encontraram também um Apple Watch. Tatiana Arana e o pai são alvo também da Lava Jato em São Paulo. Os dois são réus em processo que apura desvio de R$ 7,7 milhões de indenizações de moradores impactados pelas obras entorno do trecho sul do Rodoanel e da ampliação da avenida Jacu Pêssego. A filha de Vieira de Souza chegou a ser presa no ano passado, mas foi solta por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo. Antes de ser pego pela Lava Jato do Paraná, o operador do PSDB estava em recolhimento domiciliar integral e monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica desde setembro do ano passado. A decisão havia sido tomada pelos ministros da Segunda Turma do Supremo após a prisão de Paulo Vieira de Souza pela Lava Jato de São Paulo. A Lava Jato no Paraná investiga Vieira de Souza por suspeita de lavagem de dinheiro no esquema da Odebrecht. O Ministério Público Federal afirma que o operador disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie ao operador financeiro Adir Assad, no Brasil. Assad entregou os valores ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro José Novis – que fazia pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobrás. Em contrapartida, relata a investigação, a Odebrecht repassou valores, por meio de contas em nome de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, ao operador Rodrigo Tacla Duran. “Esse, por sua vez, repassou o dinheiro, ainda no exterior, mediante a retenção de comissões, diretamente a Paulo Vieira de Souza, ou, por vezes, a doleiros chineses, que se encarregavam de remeter os valores, também por meio de instituições bancárias estrangeiras, ao representado (Paulo Vieira de Souza)”, narrou a Lava Jato. A Procuradoria da República afirmou ainda que o ex-diretor da Dersa manteve R$ 131 milhões em quatro contas no banco Bordier & CIE, de Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual o operador é beneficiário econômico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e mantidas até 2017.
Estadão

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