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Cabral admite propina e diz que ex-secretário bancou seus familiares após prisão
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) admitiu pela primeira vez que recebia propina e distribuía dinheiro a aliados políticos.

A admissão ocorreu em depoimento prestado na quinta-feira (21) no Ministério Público Federal para falar do caso do ex-secretário Régis Fichtner, preso há dez dias. A confissão foi revelada pela GloboNews e confirmada pela Folha de S.Paulo.

O emedebista afirmou que o ex-secretário da Casa Civil "recebia uma mensalidade paga pelo depoente com dinheiro recebido da propina em seu governo". Ele disse que o valor do pagamento era de "algo em torno de R$ 100 mil a R$ 150 mil".

"Entendia que as pessoas que estavam a seu redor mereciam receber parte dos recursos, especialmente aquelas que prestavam serviços relevantes", afirmou Cabral.

O ex-governador afirmou que Fichtner recebeu propina na execução de contratos de concessão do metrô e do Maracanã, todos sob sua alçada. Também apontou corrupção nas desapropriações do porto do Açu.

Segundo o relato, as propinas vinham em grande parte por meio da contratação do escritório do irmão do ex-secretário.

Cabral disse ainda que Fichtner fez pagamentos a alguns familiares seus até o fim de 2018. De acordo com o ex-governador, os repasses somaram R$ 100 mil e foram interrompidos a seu pedido. Ele está preso desde novembro de 2016.

Em todos os seus depoimentos, o ex-governador vinha negando ter pedido propina a empresários. Ele afirmava ter se aproveitado de sobras de caixa dois de campanha.

A mudança no tom faz parte da nova estratégia de defesa após a entrada do advogado Márcio Delambert no caso, o quinto desde novembro de 2016. A intenção é que Cabral assuma crimes, detalhe seus participantes e contribua com novas informações a fim de reduzir pena. A possibilidade de se fechar um acordo de delação no curto prazo é vista como remota.

O ex-secretário da Casa Civil foi preso pela segunda vez no dia 15, sob suspeita de receber ao menos R$ 4 milhões em propina. Ele já havia sido detido preventivamente em novembro de 2017, mas obteve habeas corpus três dias após a Operação C'est fini.

No governo, Fichtner sempre foi uma espécie de "solucionador de problemas" na gestão emedebista. Caíram em seu colo grandes contratos, como da obra da linha 4 do metrô, concessão do Maracanã e manutenção de frota de viaturas da Polícia Militar.

Todos tinham em comum cifras milionárias, polêmicas jurídicas e, atualmente, estão sob investigação. Os empecilhos legais por vezes indicados por Fichtner lhe garantiram a alcunha de "dr. Certinho" na administração.

A defesa de Fichtner afirmou que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao depoimento. O escritório Andrade & Fichtner negou as acusações. 

"A ser verdade que o ex-governador tenha feito tais declarações, elas só podem estar servindo ao propósito de obtenção de benefícios ilegítimos de alguém que já foi condenado em inúmeros processos", disse o escritório, em nota.

"O sigilo bancário do escritório foi quebrado atendendo requerimento do Ministério Público Federal pela Justiça no ano de 2017 e nenhum dos fatos relatados foi comprovado. O escritório tem mais de 30 anos de existência e sempre manteve uma postura honrada no exercício de suas atividades", afirmou a banca de advocacia.

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