Pular para o conteúdo principal

Decisões em ações civis públicas podem ser aplicadas em todo o País, defende PGR

Estadão
Raquel Dodge
A procuradora-geral, Raquel Dodge, enviou memoriais aos ministros do Supremo em que defende a possibilidade de as decisões judiciais em ações civis públicas (ACPs) poderem ser aplicadas em todo o País. Para ela, a limitação da eficácia da decisão ao território onde o órgão jurisdicional possui competência, prevista no artigo 16 da Lei 7.347/85, não é de aplicação automática e deve haver uma ponderação judicial caso a caso. O tema está sendo discutido em ação civil pública, ajuizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) contra instituições financeiras, pedindo a revisão de contratos firmados no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria. Previsto para ser submetido a julgamento virtual na última sexta-feira, 22, o recurso apresentado pelo Idec foi retirado de pauta pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, após o encaminhamento dos memoriais. Na ACP, o Idec questiona, entre outros aspectos contratuais, a ausência de clareza de cláusulas, a aplicação desproporcional do sistema de amortização conhecido como Tabela Price, que implica a cobrança de juros compostos, a utilização da Taxa Referencial (TR) como indevido índice de correção monetária e a existência de cláusulas-mandato nos acordos, permitindo a instituição bancária realizar negócios em nome do mutuário. O recurso interposto pelo Idec pede a reforma da decisão do ministro relator, que atendeu pedido das instituições financeiras, anulando acórdão do Superior Tribunal de Justiça sob o argumento de que a decisão contrariou entendimento da Suprema Corte. Em recurso especial repetitivo julgado pelo STJ, a Corte Especial analisou regra prevista no artigo 16 da Lei 7.347/85 e entendeu ser ‘indevido limitar, aprioristicamente, a eficácia de decisões proferidas em ações civis públicas coletivas ao território do órgão julgador’. Raquel defendeu a validade dessa decisão, destacando que o acórdão buscou ‘reinstaurar uma harmonia com o microssistema de defesa coletiva e, em especial, com o Código de Defesa do Consumidor’. Nos memoriais, a procuradora-geral esclarece que o Plenário do STF, no Recurso Extraordinário 612.043-RG/PR, julgado sob o rito da repercussão geral (Tema 499), deixou claro que a tese ali fixada abrangia apenas a ação coletiva de rito ordinário, não se aplicado às ações civis públicas. “Dessa forma, a tese extraída do RE 612.043 não se aplica propriamente às ações civis públicas que veiculam direitos individuais homogêneos da natureza consumerista”, pontuou a procuradora.
Estadão

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular