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 Ex-marqueteiro do PT diz que intermediou propina de obra em Salvador, por Folha*

Foto: Reprodução/Arquivo
Ao fundo, a suntuosa Torre Pituba, construída para a Petrobras e que hoje não tem nem 10% de utilização
O publicitário Valdemir Garreta, ex-marqueteiro do PT, disse em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (27) que foi intermediário de pagamentos de propina que a empreiteira OAS destinou para Luiz Carlos Fernandes Afonso, ex-presidente da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. O suborno era referente à obra da Torre de Pituba, sede da Petrobras em Salvador, um empreendimento feito com dinheiro da Petros e realizado em conjunto pelas empreiteiras OAS e Odebrecht. O projeto previa que o prédio construído fosse alugado para a Petrobras durante 30 anos.
Segundo Valdemir Garreta, o acerto para o pagamento ilegal aconteceu em 2011 durante um jantar, no Rio de Janeiro, em que participaram ele, Afonso e o então presidente e acionista da OAS, Léo Pinheiro. Na ocasião, Léo Pinheiro se comprometeu em repassar para o então presidente da Petros 0,75% do valor do contrato da Torre Pituba. Ficou acertado que Garreta operacionalizaria o pagamento da propina. Segundo a PF, os contratos do empreendimento foram direcionados e superfaturados para que houvesse pagamento de ao menos R$ 68,3 milhões de propina para políticos, funcionários públicos e empresários.
Garreta disse em depoimento que em um primeiro momento entregou para um funcionário do setor de propinas da OAS um envelope contendo um número de conta bancária no exterior fornecidos por Afonso. Meses depois, Léo Pinheiro mencionou um saldo restante da propina e pediu que o marqueteiro procurasse um executivo da empreiteira para saldar o valor do acordo. Garreta pediu então a William Chaim, um amigo seu, para que pegasse os valores na sede da OAS e os entregasse em um escritório na avenida Faria Lima, em São Paulo, para alguém indicado pelo então presidente da Petros e que se chamava Felipe.
Garreta diz que não sabe se Chaim tinha conhecimento sobre o conteúdo da encomenda que levava e nem se o dinheiro foi transportado em caixa, envelope ou sacola. O amigo de Garreta era dono de flats na capital paulista que, segundo a investigação, eram usados como local para pagamento de propina. Garreta disse que em 2014 houve aditivo no contrato da Torre Pituba e que por isso Afonso teria mais R$ 2 milhões em propina a receber. O desembolso dessa vez seria feito pela Odebrecht, que pagou parte do suborno em dinheiro nos flats de Chaim. Em janeiro de 2015, com a Lava Jato avançando em direção à empreiteira, a Odebrecht decidiu que não pagaria mais o restante do acertado.
O ex-marqueteiro era suspeito de ser intermediário de propinas também da Odebrecht para o PT, mas ele disse no depoimento que nunca atuou no repasse de dinheiro ilegal da Torre Pituba para o partido. Garreta, Chaim e Afonso foram alvos de mandados de prisão temporária (por cinco dias) na última sexta durante a operação Sem Fundo, 56ª fase da Lava Jato. Nesta terça, quando terminaria o prazo do encarceramento, a juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, converteu a prisão para preventiva, sem prazo determinado.
O ex-marqueteiro do PT e seu amigo Willian Chaim estão presos na sede da PF paranaense desde sexta e Afonso se encontra fora do país e ainda não se apresentou às autoridades. O advogado Ney Fayet Júnior, que defende Luiz Carlos Fernandes Afonso, disse que ainda está tomando conhecimento dos autos e no momento não vai fazer comentários sobre a investigação. Danyelle Galvão, advogada de Valdemir Garreta, disse que o cliente vem colaborando com as investigações.
Jonas Augusto de Freitas, que defende Willian Chaim, diz que “como amigo de longa data de Garreta”, Chaim apenas se encarregou da entrega de malotes, mas desconhecia seu conteúdo. Disse também que seu cliente locava flats para diversos empresários em São Paulo e foi procurado por Garreta por esse motivo. A OAS informa que “os atuais gestores da companhia têm prestado às autoridades todos os esclarecimentos a respeito de atividades e contratos sobre os quais haja questionamentos”.​
Folha de S. Paulo*

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