O governo chinês propôs nesta quarta-feira que a Coreia do Norte suspenda seus testes com mísseis e outras armas nucleares em troca de uma interrupção dos exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul e de novas negociações entre as três nações.
Em uma nova tentativa de se posicionar como o “estabilizador” da cena global, Pequim afirma buscar a contenção do recente aumento das tensões e evitar uma “colisão frontal”.
O ministro das Relações Exteriores do país, Wang Yi, advertiu hoje sobre a “crise iminente” provocada pelos testes nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, assim como pelos exercícios militares anuais dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. “As duas partes são como dois trens que aceleram à medida que se aproximam um do outro e nenhum dos dois está disposto a ceder passagem”, afirmou Wang.
A proposta de acordo já havia sido apresentada em 2015 pelo governo norte-coreano, mas rapidamente descartada por Washington e Seul. Segundo as duas nações, o programa nuclear de Pyongyang é uma violação às resoluções da ONU e não tem nenhuma relação com seus exercícios militares anuais.
Segundo especialistas chineses, Pequim já discutiu a proposta em particular com ambas as partes, mas sua revelação pública pode ser um sinal de que o governo chinês planeja uma abordagem mais agressiva para prevenir que a situação saia do controle.
Aumento da tensão
A proposta do chanceler chinês Wang Yi foi anunciada após vários eventos recentes que elevaram a tensão na região. Na segunda-feira, a Coreia do Norte lançou ao menos quatro mísseis em direção ao Mar do Japão e três deles caíram dentro das 200 milhas náuticas da zona econômica exclusiva japonesa. Poucas horas antes, Seul e Washington haviam iniciado os exercícios militares conjuntos anuais que sempre enfurecem Pyongyang.
A China também está especialmente preocupada com o sistema americano de defesa antimísseis THAAD, que está sendo instalado na Coreia do Sul como escudo de proteção contra a crescente ameaça dos mísseis do Norte. Pequim teme que, com um poderoso radar, o sistema possa ser usado para vigiar os mísseis chineses e enfraquecer sua capacidade de dissuasão frente a Washington.
O Conselho de Segurança da ONU condenou na terça-feira à noite o lançamento norte-coreano, que chamou de “grave violação” das resoluções do organismo. O regime de Pyongyang “rejeitou categoricamente” a condenação da ONU e alegou que as manobras militares conjuntas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos estimulam o país a adotar “medidas mais duras”
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