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michel-temereliseu-padilhamarcelo-camargo-agencia-brasil2Andrade também apontou Padilha como operador do presidente

Repasse de 1 milhão de reais foi tratado com o ministro. Houve contradição se o dinheiro era doação legal ou propina

O empreiteiro Marcelo Odebrecht não foi o único a declarar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que Eliseu Padilha, atualmente licenciado do cargo de ministro-chefe da Casa Civil, era operador financeiro do presidente Michel Temer. Em novembro do ano passado, Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, disse ao TSE que a empreiteira acertou com Padilha o repasse de 1 milhão de reais para Temer na campanha de 2014. A informação foi prestada no segundo depoimento de Azevedo ao tribunal. No primeiro, realizado em setembro, ele afirmara que o dinheiro tinha sido destinado a Dilma, a cabeça da chapa, e era na verdade uma propina lavada na forma de doação legal. Em resposta, a defesa da ex-presidente comprovou, com a apresentação de dados bancários, que o valor irrigou a conta aberta por Temer na condição de candidato a vice-presidente. Desmentido nos autos, Azevedo pediu para depor novamente. Foi quando mudou completamente sua versão, para declarar que a grana teve Temer como beneficiário e, ao contrário do que dissera, nada tinha a ver com propina.
Azevedo contou ao ministro Herman Benjamin, relator do ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, que combinou a doação diretamente com Temer, numa reunião no Palácio do Jaburu. Depois, tratou com Padilha a forma de pagar a fatura.
– E aí o senhor disse que comunicou à assessoria do vice-presidente?, perguntou o advogado Flávio Caetano, da defesa de Dilma no TSE
– Isso, respondeu Azevedo
– Quem era a pessoa?, insistiu Caetano
– Padilha
Em 2014, Temer usou a mesma estratégia para pedir dinheiro às empreiteiras. Um de seus homens de confiança procurava as empresas. Depois, levava os executivos para uma reunião com o então vice-presidente. O acordo para o repasse de recursos era sempre sacramentado pessoalmente com Temer. Foi o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha que levou Otávio Azevedo ao Jaburu.
Na semana passada, Marcelo Odebrecht disse ao TSE que acertou previamente com Padilha a liberação de 10 milhões para o grupo político de Temer, antes de se encontrar pessoalmente com o peemedebista no Palácio do Jaburu. O depoimento de Marcelo complica mais a situação jurídica de Temer do que o de Azevedo. Primeiro, porque ele reconheceu que a Odebrecht repassou dinheiro ao grupo de Temer por fora, um “extra” que nada tinha a ver com a doação legal da empreiteira ao PMDB, que foi de 11,3 milhões de reais em 2014. Segundo, porque, conforme Marcelo Odebrecht, Padilha sabia de antemão que o “extra” sairia de uma fonte clandestina de recursos. As declarações reforçam os indícios de que a chapa Dilma e Temer usou dinheiro sujo para vencer a última sucessão presidencial.

Em 2014, Temer também recebeu uma doação legal de 5 milhões de reais da construtora OAS. O valor foi repassado depois de ele se encontrar, no Jaburu, com Léo Pinheiro, então presidente da empreiteira, preso pela Lava-Jato. Em mensagens telefônicas interceptadas pela operação, Pinheiro dá a entender a Cunha que o dinheiro foi transferido em troca do empenho do PMDB na defesa dos interesses da OAS, concessionário do aeroporto de Guarulhos. Na época da transação, Moreira Franco, braço direito de Temer, era o ministro da Secretaria de Aviação Civil.

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