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FHC: ‘2016 termina com nuvens mais carregadas’

O ano que termina desnudou possibilidades de conflitos de outro tipo, que mexem com os 'grandes', com suas armas atômicas

O ano de 2016 termina com nuvens mais carregadas do que as herdadas de 2015. Com o fim da Guerra Fria, especialmente depois da queda do Muro de Berlim, Estados Unidos e China começaram a dialogar. Do mesmo modo, a Europa foi-se integrando politicamente, e a Rússia, sem se conformar, parecia “contida”. Tinha-se a impressão de que os conflitos bélicos seriam localizados. Assim seria a tensão entre Israel e seus vizinhos, da Índia com o Paquistão, ou as altercações entre as Coreias e as da China com o Japão. E não se tinha tanta consciência dos estragos que a invasão do Iraque ocasionara no equilíbrio do Oriente Médio.
Havia o terrorismo, mas o Ocidente queria acreditar que o Boko Haram matava africanos e não ocidentais, que xiitas e sunitas se destruíam entre si, e assim por diante, sem abalar a confiança em que os conflitos entre as grandes potências não ocorreriam mais no pós-II Guerra Mundial: a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, sepultara essa possibilidade. Depois dos ataques ao Charlie Hebdo e ao Bataclan, em 2015 em Paris, e de outros atentados em locais simbólicos para o Ocidente, este se recordou das torres gêmeas de Nova York e foi obrigado a reconhecer a ameaça terrorista e a fragilidade da proteção que os Estados oferecem a seus cidadãos.
O ano de 2016 desnudou possibilidades de conflitos de outro tipo, que mexem com os “grandes”, com suas armas atômicas. Não que conflitos globais estejam na iminência de ocorrer, mas 2016 termina com a Rússia inconformada com seu pedaço na Eurásia (mais ainda com a insensatez de não a terem levado a sério como parceira do Ocidente), com a China sentindo-se forte o suficiente para dizer que sua ascensão ao poder mundial poderá fazer-se “de maneira harmoniosa”, que não a temam, mas não a impeçam de ser dona de “seu mar”, nem de voltar-se para a Europa, muito especialmente para a Rússia, na busca de rotas seguras de abastecimento energético, livrando-se das incógnitas do Pacífico e da “entente” necessária com os americanos. A Rússia rejeitou acordos balísticos, inclusive atômicos, e a Coreia do Norte explodiu novas bombas. Sobra dizer que Índia e Paquistão, contendores antigos, permanecem com seu arsenal atômico intocado, o da China foi aperfeiçoado, e por aí vai.
Para completar o lado desagradável da herança que 2017 receberá, os americanos elegeram um líder que é a favor de os Estados Unidos se afastarem das suas responsabilidades mundiais.
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