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Convocação na pandemia atrai milhares de mesários voluntários para eleições

BRASIL

Máscaras, protetor facial e frasco individual de álcool em gel e de álcool para a limpeza de superfícies. Esse é o conjunto de equipamentos que os mesários das próximas eleições municipais, em novembro, vão receber para se proteger da pandemia do novo coronavírus no dia de votação.

Os novos protocolos da Justiça Eleitoral para as votações também envolvem distanciamento de pelo menos um metro dos eleitores.

Além disso, para evitar o contato excessivo com superfícies por mais de uma pessoa, o documento de identificação dos eleitores deixa de ser entregue em mãos ao mesários, que devem apenas lê-lo dentro dessa distância permitida.

Diante do cenário de pandemia, aqueles com mais de 60 anos de idade podem pedir dispensa do trabalho como mesário. Por isso, para preencher essas vagas, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) lançou uma campanha para que pessoas fora dos grupos de risco sejam mesários voluntários das eleições —a comvocação termina nesta quarta-feira (16).

Maria Izabel Beloti, 18, estudante de cursinho pré-vestibular em Maringá (PR), é uma das que se voluntariou após ver as campanhas na TV e ter sido motivada pela experiência anterior de sua mãe, que participou como mesária quando jovem. “Eu ponderei muito em relação à pandemia, mas em casa ninguém é grupo de risco e eu também não sou.”

“Se eu não fosse [mesária], uma outra pessoa iria no meu lugar, e ela poderia ser ou ter parentes em casa do grupo de risco. E sei que, indo lá, vou tomar o máximo de cuidado possível com todas as medidas de segurança, com álcool em gel, mantendo um isolamento antes e depois de ser mesária.”

Segundo o TSE, os primeiros dados da convocação mostram que o número de voluntários inscritos já supera o total de voluntários das eleições anteriores em alguns estados.

Neste ano, por exemplo, 159.461 moradores do estado de São Paulo já se inscreveram como voluntários de acordo com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Em 2018, foram 154.469 e, em 2016, 99.343.

No Rio de Janeiro, 23 mil pessoas se candidataram até o início deste mês —no último pleito eleitoral, o total foi de 11.784. Já em Roraima, o TRE local afirma que as inscrições para mesários voluntários diminui em relação às últimas eleições municipais, mas que não houve aumento de recusa para os que foram convocados.

Além da campanha nacional da Justiça Eleitoral, o TRE do Paraná também lançou o projeto “Universidade Amiga da Justiça Eleitoral”, que oferece horas extracurriculares a estudantes que se voluntariarem. Até o começo deste mês, eles registraram 65 mil voluntários inscritos no estado.

“Nós, jovens, não podemos desistir da democracia do nosso país por conta de uma pandemia. Não que não seja preocupante, claro que é, mas, se a gente quer tanto mudar o país, deve se começar com os jovens”, diz Nicole Elise Barbosa Kreuz, 22, estudante de direito em Curitiba que se voluntariou no projeto com universitários.

Ela, que já foi voluntária na última eleição, também afirma que um dos atrativos foi o ganho de horas complementares pela iniciativa.

Os cerca de dois milhões de mesários pelo país passarão por um treinamento, que será acessado pelo portal de educação a distância do TSE e pelo aplicativo da Justiça Eleitoral, disponível para sistemas operacionais iOS e Android.

Apenas em casos em que não houver acesso a plataformas digitais, seja por falta de internet ou por alguma outra restrição, eles poderão fazer um treinamento presencial, respeitando os protocolos de segurança estabelecidos pelo plano sanitário.

Além dos itens de proteção, o TSE prevê um protocolo de higienização de mãos para os mesários no dia das eleições.

Eles devem higienizá-las antes e depois de tirar a máscara e o protetor facial (o face shield), ao chegar e sair da seção eleitoral, antes e depois de se alimentar, depois de ir ao banheiro e após tocar em documentos ou objetos dos eleitores —quando necessário.

Apesar das novas regras sanitárias para evitar o contágio pelo coronavírus, há mesários convocados que sentem receio de participar das votações.

“Na primeira vez em que fui mesário, em 2018, gostei da experiência, achei interessante. Mas neste ano eu gostaria de não ser mesário porque, apesar de não ser de grupo de risco, moro com duas pessoas que são”, diz Carlos Janiel Lourenço, 20, estudante de história em Campina Grande (PB), convocado novamente neste ano.

Mesmo com o uso de equipamentos de proteção individual, ele diz não se sentir seguro em estar na rua em um dia que parte expressiva da população deve se deslocar para os locais de votação.

Gabriela Santos, 25, funcionária pública em Belo Horizonte, decidiu se voluntariar para ser mesária ainda no ano passado, sem relação com a campanha das eleições deste ano.

Ela conta que, quando chegou a pandemia, ficou preocupada em exercer a função, mas que se sente menos insegura com uma possível melhora no cenário da pandemia.

“Vou me proteger e tomar todas as medidas necessárias de distanciamento para a minha proteção e dos demais enquanto mesária que organiza a fila”, afirma. “E estou confiando que vou ter os equipamentos necessários para manter a segurança.”

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