Pular para o conteúdo principal

Paulo Guedes

Guedes tenta se reaproximar de Maia por reforma tributária

ECONOMIA
O ministro Paulo Guedes (Economia) iniciou uma reaproximação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e agora pretende enviar sua reforma tributária na próxima semana ao Congresso. Enquanto isso, o governo avalia alternativas caso veja entraves ao avanço da proposta do Executivo.
A reaproximação aconteceu na quarta-feira (15), quando Guedes e Maia almoçaram juntos para discutir a reforma após meses de conversas por interlocutores. O encontro ocorreu um dia depois de o deputado anunciar que a Câmara voltaria a discutir o tema, diante de dificuldades do Senado para retomar as comissões mistas.
Apesar do gesto de conciliação, algumas divergências persistem. Continua como um dos principais objetivos do ministério a criação de um imposto sobre pagamentos (que seria aplicado sobretudo ao comércio eletrônico) para substituir a tributação recolhida por empresas ao pagarem salários.
Ciente da reação que o imposto vem gerando no Congresso, sobretudo de Maia, o governo tem feito cálculos políticos e pensado em alternativas, de acordo com pessoas ouvidas pela Folha.
Em meio às duas propostas de reforma já criadas pelos parlamentares, uma ideia mencionada seria incorporar a ideia do novo imposto em outro pacote.
Se sentir que o debate pode ficar interditado, o governo pode deixar para embutir a nova cobrança no chamado programa da carteira de trabalho verde e amarela (previsto para os próximos meses). Com isso, o plano não seria avaliado sob a ótica de uma reforma tributária, mas de um programa contra o desemprego em massa.
Outra alternativa é buscar apoio do Senado. O programa de emprego a ser criado por Guedes prevê menos regras trabalhistas em relação ao arcabouço existente hoje na CLT, pelo menos para faixas salariais mais baixas.
Guedes defende o novo ​tributo como forma de desonerar a folha de pagamento para até um salário mínimo (hoje, equivalente a R$ 1.045), o que pode ser feito por meio de um programa emergencial de emprego de até dois anos de duração. Além disso, pretende criar um imposto negativo para trabalhadores informais, que representa uma espécie de bônus de 20% sobre o rendimento da pessoa no mês (a ser usado na aposentadoria).​
Por sua vez, Maia tem cobrado o envio da proposta do governo, mas permanece dizendo haver poucas chances de um novo imposto vingar.
“É muito difícil que passe na Câmara qualquer criação de novo imposto”, disse o presidente da Casa em evento com investidores na quarta à noite. “Não acho que precisamos aumentar imposto para aumentar a arrecadação.”
No Congresso, a decisão de Maia de retomar as discussões fora da comissão mista, formada por deputados e senadores, criou uma rusga com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na quarta, o senador disse que qualquer discussão que não contemple uma construção conjunta do texto da reforma não vai tramitar no Senado.
A crítica tem como base o fato de estarem tramitando duas PECs (propostas de emenda à Constituição) sobre o tema: a 45, na Câmara, e a 110, no Senado. A comissão mista foi formada justamente para conciliar os dois textos, enquanto o governo não oficializa sua proposta.
“Eu sei que cada Casa —a Câmara e o Senado— pode tramitar as matérias”, afirmou Alcolumbre. “É importante que a gente possa continuar debatendo, mas, de fato, se a Câmara não estiver alinhada com uma proposta do Senado e com a participação decisiva do governo… Alguém acha honestamente que sai uma reforma tributária sem a participação do governo?”
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou que o encontro entre Guedes e Maia nesta semana foi importante para retomar o diálogo e acredita que, até a próxima semana, será possível ter um roteiro para tramitar a reforma tributária nas duas Casas.
“O segundo passo será o encontro do Davi com Rodrigo para retomar a discussão da reforma no âmbito da comissão mista. Teremos muitas conversas até domingo.”
Nesta quinta (16), Maia disse ter conversado com Alcolumbre e negou querer aprovar uma “reforma da Câmara”. “Queremos aprovar a reforma do Congresso junto com o governo. Espero que o ministro Paulo Guedes e o presidente Bolsonaro encaminhem a proposta o mais rápido possível.”
Os presidentes da Câmara e do Senado teriam mais uma conversa ainda nesta quinta-feira para falar sobre o tema. Presidente do MDB e autor da PEC que tramita na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP) minimizou a rusga entre as duas Casas e disse que a retomada das discussões pelos deputados é uma sinalização positiva.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular