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Sob o argumento de que o "Estado não pode fazer tudo", Bolsonaro se limita a atacar confinamento e sugerir que pessoas não parem

Sem ação rápida do governo, país viverá caos sob quarentena e Bolsonaro sabe disso

EXCLUSIVAS
Faz um mês que o Brasil registrou o primeiro caso de contaminação por coronavírus, em São Paulo, e o que fizeram as autoridades de lá para cá como forma de evitar que a doença se espalhasse num país desigual como o Brasil? Nada!
Admitindo-se, no entanto, com a experiência da China e da Itália que o contágio era inevitável, o que deveria ter sido feito? Planejar e agir para tornar a presença da Covid-19 entre os brasileiros o menos danosa possível.
Não foi isso que aconteceu. Nos momentos que antecederam a decisão dos governadores e prefeitos de, ocupando um vácuo deixado pelo governo Jair Bolsonaro, apostar no confinamento, Paulo Guedes minimizou o tsunami.
O ministro da Economia disse que a crise da nova doença poderia ser enfrentada com mais controle fiscal e a aprovação das reformas tributária e administrativa que nunca entregou ao Congresso.
Estava brincando com fogo ou apostando no pior? Apenas na semana passada, depois de muita pressão sobre o governo, uma proposta saiu do executivo e, melhorada na Câmara, vai dar R$ 600 a trabalhadores informais por dois meses.
Só que, para gente que come e malmente sobrevive do que fatura no dia, duas semanas já se passaram. São uma eternidade. Ou seja, tempo é comida na mesa dos mais pobres, que são a maioria no país.
Enquanto isso, o que faz Jair Bolsonaro? Defende com unhas e dentes que o Brasil não pode parar, levando o erário a pagar por uma campanha publicitária de quase $ 5 mi contra a quarentena.
Depois de minimizar a Covid-19, que comparou a uma “gripezinha”, e sair por aí distribuindo apertos de mão e abraços em simpatizantes, o presidente pretendia ir esta semana a uma estação de metrô e a outra de ônibus.
Foi parado pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, ilha de racionalidade no governo, que prometeu criticá-lo se executasse o plano e ouviu de volta que poderia ser demitido pelo presidente.
Por que Bolsonaro não se responsabiliza pelo que acontece com o país, limitando-se a sugerir que as pessoas não devem respeitar o confinamento, medida defendida ontem pelo ministro da Saúde como forma de enfrentar a pandemia?
E por que a sociedade não cobra dele que atue, aja, preferindo encampar um movimento contra a quarentena que fracassou na Itália, na Espanha, na França e no Reino Unido e parece que também naufragará nos Estados Unidos?
Para que funcione, a quarentena precisa ser acompanhada de medidas econômicas para salvar empresas e dar condições de sobrevida aos mais vulneráveis, de um plano de abastecimento, entre outras medidas de emergência.
Mas especialmente a desatenção de Bolsonaro com a população mais pobre é, além de assustadora, intrigante.
O presidente chegou a dizer, com suas próprias palavras, que a sociedade não deve esperar que o governo “faça tudo”. “Governo que o Estado faz tudo só as ditaduras. Venezuela, Cuba, Coreia do Norte”, declarou.
A única leitura possível é a de que o mandatário aposta lamentavelmente, de forma deliberada, no caos, nos saques que advirão da desassistência aos mais pobres e, consequentemente, na desordem, que pode descambar para a barbárie.
E seu propósito não pode ser apenas esconder a incompetência, a inação. Seguramente há um objetivo nisso tudo, o qual, lamentavelmente, ficará claro se ele conseguir executar seu plano, quando já será muito tarde para reagir.

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