Pular para o conteúdo principal
Agência Brasil

Vacina testada nos EUA anima, mas não é certa a imunização

MUNDO
O começo dos testes de uma vacina contra o novo coronavírus nos EUA é uma notícia animadora, mas nada garante que a abordagem, iniciada com voluntários sadios, dará origem a uma forma viável de imunização.
Até hoje, o método empregado pelos pesquisadores americanos não chegou a produzir uma vacina comercializada.
A equipe do Instituto de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente, em Seattle, liderada pela médica Lisa Jackson, já começou a ministrar as primeiras doses de sua vacina experimental a um grupo que contará com 45 participantes, no total. Cada um deles receberá duas doses, com um intervalo de 28 dias entre as aplicações.
Eles serão divididos em três subgrupos, cada um dos quais recebendo doses diferentes da vacina, de 25 microgramas (cada micrograma equivale a um milionésimo de grama) a 250 microgramas.
O trabalho está sendo feito em parceria com a empresa de biotecnologia Moderna e é financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, órgão do governo americano.
Os participantes serão monitorados por 14 meses e receberão até US$ 1.100 pela colaboração, caso não faltem a nenhuma das visitas médicas e entrevistas por telefone. Compensações financeiras desse tipo são comuns em testes clínicos nos EUA, embora sejam proibidas no Brasil.
A rapidez com que o teste foi aprovado e iniciado pode ser explicada tanto pela emergência de saúde pública representada pelo vírus Sars-CoV-2 quanto pelo método empregado pelos pesquisadores.
Trata-se de uma vacina de mRNA (RNA mensageiro), molécula “prima” do DNA que costuma carregar as informações necessárias para a produção de uma proteína até as “fábricas” da célula.
Com base no material genético do novo coronavírus, os pesquisadores fabricaram moléculas de mRNA que contêm a receita para a produção da proteína da espícula do parasita —o “espinho” ou “arpão” que ele usa para se fixar nas células humanas.
A ideia é fazer com que o organismo dos pacientes produza apenas essa proteína, com base no mRNA da vacina.
Com isso, o sistema de defesa das células reagiria como se tivesse sido invadido pelo vírus real, produzindo anticorpos —moléculas defensoras— com “design” específico para o combate ao Sars-CoV-2. Diante do patógeno verdadeiro, essas pessoas estariam imunes.
Essa, ao menos, é a lógica do trabalho. As vacinas de mRNA têm a vantagem de serem produzidas com relativa facilidade e de serem bastante seguras, uma vez que em nenhum momento o paciente entra em contato com o vírus real, e as moléculas de mRNA se degradam facilmente no organismo após a aplicação.
“Usar a proteína da espícula do vírus para tentar produzir a imunidade também é bastante lógico porque, afinal, trata-se da molécula com a qual o vírus se liga ao receptor das células humanas”, afirma Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor (Instituto do Coração, ligado à Faculdade de Medicina da USP).
Kalil lembra, porém, que o reverso da moeda no caso da relativa facilidade e segurança das vacinas de mRNA é que, ao que parece, elas não produzem uma resposta forte do sistema de defesa do organismo.

“A agilidade deles é enorme, e a parte regulatória é mais tranquila porque essas vacinas não têm muita contaminação nem efeitos tóxicos, mas elas não parecem criar boa memória imunológica no organismo [ou seja, sob novo ataque, é mais difícil o corpo ‘se lembrar’ da vacinação]”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...