Pular para o conteúdo principal
Estadão
Guilherme Boulos

Pesquisa Ibope para prefeito de SP anima tucanos, isola Bolsonaro e pressiona PT

BRASIL
A pouco mais de meio ano da eleição municipal, a pesquisa Ibope sobre a disputa na capital paulista divulgada neste domingo, 22, animou tucanos, ampliou a pressão sobre o PT e sinalizou o isolamento do “bolsonarismo” no maior colégio eleitoral do Brasil.
Os pré-candidatos e dirigentes partidários ouvidos pela reportagem foram cautelosos ao comentar os números, mas reconheceram que o prefeito Bruno Covas (PSDB) cresceu no processo de enfrentamento ao coronavírus. A pesquisa foi encomendada pela Associação Comercial de São Paulo – o levantamento exclusivo é uma parceria do Estado com a associação e o instituto de pesquisa.
“Não é o momento de discutir eleição, mas a pesquisa consolida o nome do Bruno e deixa claro que não há um plano B para o PSDB”, disse o secretário da Civil da Prefeitura, Orlando Faria, um dos mais próximos auxiliares de Covas. No momento em que enfrenta uma luta contra o câncer e outra contra o coronavírus, o prefeito registrou 18% das intenções de voto, atrás apenas do deputado Celso Russomanno (Republicanos), com 24%.
A avaliação reservada entre os tucanos é que Bruno Covas tornou-se conhecido da população e entra na disputa em posição privilegiada – ele já fechou com seis partidos em sua coligação e terá o maior tempo de exposição na propaganda eleitoral de rádio e TV. Os números, dizem dirigentes do PSDB, ajudaram a sepultar as articulações “conspiratórias”. O prefeito mantém uma conversa com o Republicanos, que pode indicar Russomano como vice de Covas. Procurado, Russomanno não se manifestou até a publicação deste texto.
Pré-candidato do PSD, o ex-tucano Andrea Matarazzo também comemorou o seu resultado – 3% das intenções de voto. “Sou o único sem cargo público e sem tribuna. Está ótimo. O resultado do Bruno é recall do momento”, afirmou o ex-vereador. A avaliação de Matarazzo é que Covas foi beneficiado pela grande exposição na mídia no enfrentamento ao coronavírus.
Com 9% das intenções de voto na pesquisa, o ex-governador Márcio França (PSB) também foi cauteloso ao comentar seu desempenho. Ressaltou que a pandemia do coronavírus “tende a turvar” qualquer coisa nesse momento, mas previu uma polarização. “São Paulo é tão forte que cria uma polarização em relação ao Brasil”, afirmou.
Já Guilherme Boulos, do PSOL, que recebeu 6% das intenções de voto na pesquisa, disse que França não se enquadra no campo da esquerda. “Não dá para repercutir de maneira normal a pesquisa nesse cenário. Não é o momento de pensar em eleição, mas ser o nome mais bem posicionado na esquerda é gratificante”, disse o líder do MTST. Depois de lembrar que ainda precisa enfrentar prévias no Psol para ser candidato, Boulos questionou se França é mesmo um nome de esquerda.
“França sempre representou a direita do PSB”, afirmou o ex-presidenciável do PSOL. Em caráter reservado, porém, lideranças do campo da esquerda e da direita avaliam que qualquer candidatura do PT vai avançar para a casa dos 10%, no mínimo. Apesar de Tatto não ser o nome preferido da cúpula petista, ele é o quadro com maior força força interna para vencer as prévias.
“O Márcio França tem uma relação forte com o PSDB em São Paulo. Ele terá que fazer uma inflexão à esquerda, se não ficará sem espaço. A extrema direita vai jogá-lo na esquerda”, disse Tatto. A avaliação do petista é que não há espaço na capital para uma candidatura de centro. “Vai ter uma polarização entre o PT e o candidato do Bolsonaro”.
Pré-candidato do Patriotas e líder do MBL, o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei (3%) comemorou seu desempenho. “Não sou muito assíduo de pesquisa. Celso Russomanno sempre sai na frente e depois desidrata. É natural o Bruno Covas estar bem com a máquina na mão. Mas eu saí maior que o Marquezine em Porto Alegre e o Doria em SP na mesma época”, afirmou.
Com 2% das intenções de voto, Tatto minimizou seu desempenho .”Não é o momento de discutir eleição e sim de salvar vidas. Mas vai acontecer mais para frente uma polarização entre o PT e o candidato do Bolsonaro. A polarização vai ser muito forte”, disse o pré-candidato.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular