Governo Bolsonaro estuda mudanças a conta-gotas em ministérios
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
Depois de demitir quatro integrantes do primeiro escalão em nove meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro tem uma conta difícil para fechar até o final do ano: como lotear a Esplanada para políticos aliados, passar a mensagem que a reforma ministerial não será um toma lá dá cá e ainda se livrar de assessores de mau desempenho. A ideia em estudo no Palácio do Planalto para fechar essa equação não é a de realizar uma ampla reforma ministerial, com uma série de anúncios simultâneos, mas fazer alterações a conta-gotas ao longo dos próximos meses, evitando um movimento abrupto que desestabilize o governo.
Segundo auxiliares palacianos e congressistas aliados, a iniciativa é motivada por três fatores: insatisfação do presidente com o desempenho de titulares de alguns ministérios, tentativa de ampliar o atual arco de alianças e o esforço de enxugar a máquina pública. Para promover as mudanças, o Ministério da Economia e a Casa Civil discutem em conjunto, de acordo com relatos feitos à Folha, um plano de reestruturação que sugere a fusão de pastas e a redução de secretarias. A palavra final, no entanto, será de Bolsonaro, que ainda não tomou uma decisão sobre o tema.
Nos últimos meses, o presidente tem dado sinais de que está descontente com o desempenho de dois ministros: Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, e Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional. O primeiro tem causado dor de cabeça a Bolsonaro desde o início do ano, após a Folha ter revelado em fevereiro que ele patrocinou um esquema de candidaturas laranja do PSL em Minas Gerais. Desde então, o presidente tem sido pressionado tanto por integrantes da cúpula militar como da equipe econômica a afastá-lo. A ideia em discussão é que Turismo seja rebaixado ao status de secretaria e incorporado pelo Meio Ambiente, como mostrou o jornal o Globo.
Canuto ficou perto de perder o cargo em maio, quando o Legislativo negociou com a Casa Civil mudanças na estrutura do governo, para que fossem recriadas as pastas das Cidades e da Integração Nacional. Na época, a ideia era entregar o comando das duas estruturas para partidos políticos. Em meio a críticas, a ideia foi abandonada, mas a insatisfação com Canuto persistiu. A avaliação tanto do Planalto quanto do Congresso é a de que o cargo é eminentemente político e, por isso, precisa ser ocupado por alguém que saiba desempenhar essa função —o que não é o caso hoje. Diante desse cenário, duas hipóteses estão sobre a mesa: rebaixar Desenvolvimento Regional e colocá-lo sob o controle de Infraestrutura, transferindo, porém, o programa federal Minha Casa, Minha Vida para a Cidadania, ou manter o status de ministério e nomear para o seu comando um indicado de um partido aliado.
Folha de S.Paulo
Comentários
Postar um comentário