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Prisão de chefe da Rocinha pouco abala o tráfico no Rio

Prisão de chefe da Rocinha pouco abala o tráfico no Rio


Logo outro traficante assumirá o posto de Rogério 157 na batalha contra a polícia e as facções rivais, que aterroriza a cidade nos últimos meses



Traficante mais procurado do Rio de Janeiro, Rogério 157 foi preso nesta quarta-feira (6) (Foto: Fabiano Rocha /Agência O Globo)
O traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso dentro do porta-malas de um carro que deixava a favela da Rocinha, situada na Zona Sul carioca, numa noite de novembro de 2011. Policiais fizeram fotos ao lado do preso empolgados com a queda do então chefe do tráfico na favela da Rocinha, naquela época o bandido mais procurado do Rio de Janeiro. Na manhã desta quarta-feira (6), uma cena muito parecida se repetiu. A Polícia Civil prendeu Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, o novo chefe da Rocinha e o criminoso mais procurado da vez. Ele se escondia na favela do Arará, na Zona Norte. Quando a polícia chegou, 157 fugiu para a casa vizinha, deitou na cama e se enrolou num cobertor. Não adiantou. Os policiais sabiam quem ele era.
O Rio de Janeiro na mira dos fuzis
Prender um bandido importante é sempre bom, mas a realidade diz que a captura de Rogério 157 abala muito pouco o violento tráfico de drogas no Rio, da mesma forma que a prisão de Nem seis anos atrás quase nada mudou. Nem continuou a comandar a venda de drogas na Rocinha de um presído em Rondônia, a 3.500 quilômetros de distância. Ele indicou Rogério 157 como seu sucessor. O rompimento entre os dois provocou uma guerra na Rocinha iniciada em setembro passado. Acirrou mais a guerra entre as três facções criminosas do Rio. O Comando Vermelho (CV), para o qual 157 se bandeou, e a Amigos dos Amigos (ADA), chefiada por Nem, disputam o território de inúmeras favelas cariocas, a Rocinha principalmente. O Terceiro Comando Puro (TCP) se associou à ADA contra o CV, inimigo comum.
Rocinha: a vida debaixo de bala
Casa pichada com referência a Rogério 157 e á  ADA,facção que domina o  orro (Foto:  Ana Carolina Fernandes/ÉPOCA)
Após a prisão de 157, outro traficante logo assumirá o posto na batalha contra a polícia. Nunca faltaram soldados para ocupar a chefia. Além disso, a cadeia dificilmente impedirá Rogério 157 de transmitir ordens a seus comparsas em liberdade ou de colaborar com o Comando Vermelho. O tráfico sofreria de fato algum abalo, se perdesse o controle das favelas dominadas a poder de fuzil. A partir de 2010, o governo do Rio aplicou inúmeros golpes às facções criminosas com a retomada dessas comunidades, verdadeiros territórios sem lei dentro da cidade. Nos últimos meses, os traficantes voltaram à ofensiva porque as Unidades de Polícia Pacificadora, instaladas nos morros, faliram abandonadas por um governo corrupto.
O acerto de contas com o Rio de Janeiro

Por uma dessas coincidências que se vê no mundo do crime, Rogério 157 foi preso na favela vizinha à cadeia pública de Benfica, onde estão trancafiados os responsáveis pelo esquema de corrupção que faliu o Rio, entre eles o chefão, o ex-governador Sérgio Cabral. Em 2011, quando 157 ascendeu no tráfico ao assumir o lugar de Nem, Cabral era governador e se gabava das UPPs (sabe-se hoje que também rodava um esquema de corrupção para lá de grande). Isso parece bom. Uma coisa, no entanto, piorou de lá para cá: os policiais que prenderam Rogério 157 se prestaram ao ridículo de fazer uma sessão de selfies com o traficante. Rogério entrou no embalo e até sorria ao fundo, como um protagonista. Deve saber a razão.

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