>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana
O governo brasileiro encerra 2017 torrando dinheiro como se fosse o fim dos tempos. Gasta como um novo-rico sem noção, destinado a cair na pobreza. Essa trajetória resulta de muitos fatores e decisões ruins acumuladas ao longo de vários governos, mas uma distorção evidente a aumentar o problema é quanto o país gasta com aposentadorias e benefícios. Hoje, esses tópicos deixam apenas 43% do gasto público para outras áreas. Sem uma reforma da Previdência, até 2026 eles continuarão a devorar parcela maior da despesa pública, até deixarem apenas 20% para todo o resto, pela projeção do Ministério da Fazenda. O economista brasileiro Otaviano Canuto, diretor executivo no Banco Mundial, acompanha de perto as contas de vários países latino-americanos e chega ao mesmo diagnóstico: o problema não se resolverá com remendos orçamentários. Quanto mais cedo a reforma for feita, melhor. Quanto mais for adiada, mais prejudicará o cidadão.
>> O governo está muito longe de conseguir os votos para a Reforma da Previdência
O
teto de gastos, que limita o crescimento das despesas do governo, pode
ser descumprido já em 2019 se nada for feito até lá, prevê o Itaú
Unibanco. “Já vemos o governo cortando investimento. E vai precisar
reduzir todo o gasto. O exemplo dos passaportes (cuja produção foi
interrompida por um mês neste ano) foi anedótico. Teremos problemas em
outras áreas e a população vai sentir isso”, diz Nelson Marconi,
professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas
(FGV-EESP). O mecanismo do teto, que proíbe que o gasto avance em ritmo
superior à inflação do ano anterior, foi a primeira vitória da equipe
econômica chefiada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas, se
a Previdência continuar a ocupar mais espaço no orçamento público,
sacrificará outras áreas (a Previdência brasileira é muito mais custosa,
em relação ao orçamento público e ao PIB, que a de países com perfil
demográfico semelhante).
>> Governo já fala em adiar a votação da reforma da Previdência para fevereiro
Os principais cortes deverão atingir investimentos, como em infraestrutura, e áreas com mais verba, como saúde e educação. Quem depende mais de serviços públicos sofrerá mais. “Voltará ao debate o fantasma do shutdown (paralisação) da máquina pública”, diz Marconi. O país pode sofrer o que já enfrentam estados superendividados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul: colapso da segurança pública, não pagamento de terceirizados em instituições de ensino superior e parcelamento de salários de funcionários públicos. E esse não será o único tipo de efeito a se abater sobre nós.
O governo brasileiro encerra 2017 torrando dinheiro como se fosse o fim dos tempos. Gasta como um novo-rico sem noção, destinado a cair na pobreza. Essa trajetória resulta de muitos fatores e decisões ruins acumuladas ao longo de vários governos, mas uma distorção evidente a aumentar o problema é quanto o país gasta com aposentadorias e benefícios. Hoje, esses tópicos deixam apenas 43% do gasto público para outras áreas. Sem uma reforma da Previdência, até 2026 eles continuarão a devorar parcela maior da despesa pública, até deixarem apenas 20% para todo o resto, pela projeção do Ministério da Fazenda. O economista brasileiro Otaviano Canuto, diretor executivo no Banco Mundial, acompanha de perto as contas de vários países latino-americanos e chega ao mesmo diagnóstico: o problema não se resolverá com remendos orçamentários. Quanto mais cedo a reforma for feita, melhor. Quanto mais for adiada, mais prejudicará o cidadão.
>> O governo está muito longe de conseguir os votos para a Reforma da Previdência
>> Governo já fala em adiar a votação da reforma da Previdência para fevereiro
Os principais cortes deverão atingir investimentos, como em infraestrutura, e áreas com mais verba, como saúde e educação. Quem depende mais de serviços públicos sofrerá mais. “Voltará ao debate o fantasma do shutdown (paralisação) da máquina pública”, diz Marconi. O país pode sofrer o que já enfrentam estados superendividados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul: colapso da segurança pública, não pagamento de terceirizados em instituições de ensino superior e parcelamento de salários de funcionários públicos. E esse não será o único tipo de efeito a se abater sobre nós.
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