arcelo Odebrecht deixa a carceragem da PF
Foto: Reprodução / TV Globo
Marcelo Odebrecht
O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso há 2 anos e meio em
Curitiba deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) na manhã desta
terça-feira, 19. O empresário foi levado em um carro da PF para a
Justiça Federal onde vai colocar uma tornozeleira eletrônica e iniciar o
cumprimento de sua prisão domiciliar. Ele deve seguir de jato para São
Paulo, de onde seguirá para sua casa num condomínio no Morumbi, zona sul
de São Paulo. Pelo acordo, ele ficará 2 anos e meio em prisão
domiciliar com direito a duas saídas por ano com autorização da Justiça.
Enquanto estiver em casa, o empresário poderá receber 15 pessoas
previamente cadastradas e autorizadas no processo. Além deles, parentes
em até 4º grau (primos e tios-avôs) poderão visitá-lo. Depois de 913
dias de cárcere, a saída do empresário acontece em um momento em que a
Odebrecht busca um substituto para o presidente do conselho de
administração, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Quando a Polícia
Federal prendeu o empreiteiro em 19 de junho de 2015, a empreiteira
baiana acabara de ultrapassar o faturamento de R$ 100 bilhões pela
primeira vez em sua história. O grupo tinha 170 mil funcionários
espalhados por quase 30 países. A saída de Marcelo da prisão tem gerado
ruídos na família e na empresa. O empresário está proibido de ocupar
cargos na companhia até 2025, quando terminará sua pena. Apesar da
restrição, quem conhece o executivo classifica seu comportamento como
imprevisível. Há temor de que ele constranja antigos aliados a
informá-lo sobre o dia a dia do grupo. A imprevisibilidade fez com que o
patriarca da família, Emílio Odebrecht, tomasse medidas públicas às
vésperas da saída do filho da prisão: anunciou sua saída antecipada do
comando do conselho de administração e a decisão de que os Odebrecht não
mais ocuparão a presidência do grupo. As medidas reforçam a tentativa
de acelerar o soerguimento do grupo e sinalizam um esforço para blindar
os negócios da influência do filho. As últimas 24 horas de Marcelo na
carceragem da PF em Curitiba permanecer a mesma dos 30 meses de prisão. O
empresário acordou um pouco antes do sol nascer, fez exercícios físicos
e tomou café da manhã preparado em uma cafeteira localizada no corredor
próximo a cela em que o empresário divide com o lobista Adir Assad,
também acusado de fazer parte do esquema de corrupção investigado pela
Operação Lava Jato. No final da tarde de segunda-feira, os advogados do
empreiteiro conversaram com ele para acertar os últimos detalhes da
transferência. Nos últimos dias, a saída do de Marcelo chegou a ser
dúvida quando o Ministério Público Federal de Curitiba afirmou que
precisava avaliar “documentos faltantes” do empresário para saber se ele
estava “adimplente com seu acordo” e, assim, receber os benefícios. O
criminalista Nabor Bulhões entregou a documentação à Justiça na
segunda-feira e falou ao Estadão sobre o pedido dos investigadores: ““A
própria Justiça concordou com os termos quando ele foi assinado. Como a
previsão do acordo é aquele seja solto amanhã (hoje), estamos aguardando
que isso seja cumprido”, disse Bulhões. Marcelo Odebrecht ficará 10
anos preso. Além dos 2 anos e meio de regime fechado já cumprido e os
outros 2 anos e meio de regime domiciliar fechado, o empresário terá que
cumprir ainda 5 anos de pena – 2 anos e meio em regime diferenciado,
com obrigação de recolhimento noturno e nos fim de semanas e feriados e 2
anos e meio de aberto, com a obrigação de comunicação à Justiça.
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