Pular para o conteúdo principal
Segredos expostos
Com documentos obtidos exclusivamente por ÉPOCA, três reportagens de capa fizeram revelações que atordoaram o PT e deixaram o ex-presidente Lula mais perto de uma condenação
26/08/2017 - 13h00 - Atualizado 26/08/2017 13h00
Compartilhar
Assine já!
Luiz Inácio Lula da Silva ,ex presidente (Foto:  RICARDO STUCKERT)
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente. Ele foi condenado em primeira instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro (Foto: Ricardo Stuckert)
CAPAS Edição 672 - 4 de abril de 2011 - Mensalão | Edição 882 - 4 de maio de 2015 - Lula – O operador | Edição 899 - 31 de agosto de 2015 - Nosso homem em Havana (Foto: reprodução)
Ninguém conhece tão bem a necessidade de manter um segredo quanto aqueles que agiram errado e não querem que ninguém descubra. Poucos cavam segredos escusos com tanta insistência quanto bons jornalistas. Em 2011, a Polícia Federal produziu seu relatório final sobre o esquema do mensalão, após seis anos de investigações e mais de 100 testemunhas ouvidas. ÉPOCA obteve o documento, com exclusividade. Publicada em abril de 2011, “A anatomia do valerioduto” revelou que dinheiro público, desviado principalmente do Banco do Brasil, alimentava o mensalão.

Em 2015, ÉPOCA trouxe uma nova bomba: o Ministério Público Federal acabara de abrir uma investigação contra Lula por tráfico de influência internacional. A reportagem “Lula, o operador” mostrava como, nos quatro anos desde que deixara a Presidência, Lula havia viajado a trabalho. Os destinos eram os mais variados, de Cuba a Gana. A maioria das viagens foi bancada pela construtora Odebrecht. Documentos obtidos por ÉPOCA revelavam que a Procuradoria da República em Brasília havia aberto, uma semana antes, uma investigação contra Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil. Ele era suspeito de facilitar negócios da Odebrecht com representantes de governos estrangeiros entre 2011 e 2014. Percebeu-se um padrão: o ex-presidente se encontrava com o líder em exercício de outro país, em viagem paga pela Odebrecht. Depois, a Odebrecht era contratada e o BNDES oferecia um empréstimo que facilitava o negócio.

Três meses depois, ÉPOCA publicou mais uma reportagem com Lula na capa: “Nosso homem em Havana”. A reportagem obteve arquivos sigilosos em que burocratas descreviam as condições camaradas dos empréstimos do BNDES para as obras.

O impacto (Foto: Época)O presidente Lula entre apoiadores (Foto:  RICARDO STUCKERT/AFP)
Lula entre apoiadores. O primeiro ex-presidente condenado mantém grande popularidade (Foto: Ricardo Stuckert)
Quando a primeira reportagem foi publicada, o julgamento do mensalão ainda estava no meio. O processo havia começado em 2007, após o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia do Ministério Público Federal contra os 40 acusados de participar no esquema do mensalão (de compras de votos no Congresso). Foram ouvidas 600 pessoas e quebrados os sigilos fiscais de 38 réus. Destes, 24 foram condenados na última instância. Em 9 de agosto deste ano, o Ministério Público Federal desarquivou o inquérito contra o ex-presidente relacionado ao mensalão.

>> As provas contra Lula

A capa da edição 882, de maio de 2015, “Lula, o operador”, estampava um documento: uma investigação do Ministério Público Federal por suspeita de tráfico de influência internacional. A reportagem teve repercussão planetária. O jornal americano The New York Times, o britânico The Guardian, o espanhol El País, o francês Le Monde, assim como o site da emissora britânica BBC e a agência de notícias Reuters dedicaram espaço à investigação revelada por ÉPOCA. Por causa dos documentos expostos pela revista, o MPF investigava as visitas de Lula aos países aos quais o BNDES emprestou dinheiro.Quando a primeira reportagem foi publicada, o julgamento do mensalão ainda estava no meio. O processo havia começado em 2007, após o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia do Ministério Público Federal contra os 40 acusados de participar no esquema do mensalão (de compras de votos no Congresso). Foram ouvidas 600 pessoas e quebrados os sigilos fiscais de 38 réus. Destes, 24 foram condenados na última instância. Em 9 de agosto deste ano, o Ministério Público Federal desarquivou o inquérito contra o ex-presidente relacionado ao mensalão.

>> Mais reportagens do especial ÉPOCA 1000

A terceira reportagem teve impacto direto na CPI que investigava as operações do BNDES. Na segunda-feira após a revista chegar às bancas, a oposição pedia a convocação do ex-presidente para que ele prestasse esclarecimentos – o que não chegou a acontecer. Meses depois, a CPI acabou sem nenhum pedido de indiciamento e com aquele gosto conhecido de pizza. Mas Lula foi denunciado na Operação Zelotes, também por tráfico de influência. Em abril deste ano, a situação do ex-presidente ficou mais delicada. A delação-bomba de Marcelo Odebrecht confirmou o que os leitores de ÉPOCA já sabiam: o ex-presidente Lula ajudou a viabilizar a contratação do grupo para obras no Porto de Mariel, em Cuba, o que a lei brasileira não permite.

Denunciado recentemente pela quarta vez, Lula responde agora por obstrução da Justiça, acusado de tentar interferir na delação de Nestor Cerveró, ex-executivo da Petrobras, por lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de influência. Em 2 de agosto, uma nova CPI foi criada para investigar os empréstimos concedidos pelo BNDES. No dia 16, a CPI aprovou um plano de trabalho. Ele inclui ter acesso aos contratos do BNDES com empresas desde 1997, inclusive os que antes foram negados, para averiguar não conformidades.

TAGS:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p