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Rodrigo Maia e Fernando Haddad criticam clima de polarização no Brasil

Rodrigo Maia e Fernando Haddad criticam clima de polarização no Brasil



O presidente da Câmara, do DEM, e o ex-prefeito de São Paulo, do PT, participaram de um debate promovido por ÉPOCA para discutir a renovação na política

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            
                                      

Rodrigo Maia e Fernando Haddad participam de debate no Insper sobre renovação política (Foto: João Castelano - Época)
O que sobrou das forças políticas tradicionais depois da Operação Lava Jato? Como unir o país em torno de um projeto no clima atual de polarização? Quem serão os novos nomes em cena? Os velhos partidos vão se renovar? Essas foram algumas das questões debatidas por Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, do PT, e pelo atual presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia, do Democratas. O encontro, realizado no Insper em São Paulo, inaugurou nesta segunda-feira (28) o primeiro debate da série “Precisamos falar sobre”, promovido por ÉPOCA. O vídeo com a íntegra do debate está aqui.
Com partidos e políticos assumindo posições mais extremas e antagônicas, existe um lugar ao centro que pode ser ocupado? Rodrigo Maia diz que, nas próximas eleições, devem se apresentar novos semblantes de políticos que assumam essa posição, em meio a um contexto de polarização. “Essa polarização tem sido ruim para o Brasil. Acho que o centro vai ser, sem abrir mão da agenda que os dois campos [direita e esquerda] acreditam, de alguém que consiga construir um ambiente de diálogo em meio aos candidatos radicalizados”, diz. “A sociedade procura um ambiente que saia dessa polarização de um jogar lama no outro. Isso está um pouco desgastado.” Fernando Haddad afirma que é cedo para que o Partido dos Trabalhadores esteja ou não alijado do centro político: “Todos os seus partidos se apresentam em seu pior momento histórico, inclusive o PT. A ferida está aberta. Vai ser muito difícil disputar uma eleição nesse ambiente que estamos vivendo”. Mas ele está otimista. “Acho que até 2018 o ambiente já terá melhorado.”
Fernando Haddad no debate promovido por ÉPOCA (Foto: João Castelano - Época)
Rodrigo Maia e Fernando Haddad avaliaram alguns possíveis candidatos para 2018. Maia afirmou que a polarização política chegou ao ápice no impeachment da presidente Dilma Rousseff. E que agora a fórmula de explorar o radicalismo se esgotou. Para ele, a participação de Luiz Inácio Lula da Silva acentuaria o ambiente político mais radicalizado de novo, o que garantiria a ida do petista ao segundo turno. Por outro lado, abriria espaço para um nome que propusesse um diálogo entre as forças políticas, alguém que se colocasse como posição moderada. “Será uma eleição mais polarizada. Alguns candidatos vão ser pontos de equilíbrio no radicalismo, vão procurar mais diálogo”, diz Maia. Questionado se seria candidato à Presidência pelo PT numa eventual impossibilidade de Lula concorrer, Haddad esquivou-se. Ele destacou que Lula pode ser um candidato forte. “Quando Lula foi presidente, as pessoas da direita criticaram que ele estaria explorando o ‘nós contra eles’. Já as pessoas da esquerda criticaram que ele estaria adotando uma postura muito conciliadora. Na verdade, ele teve esses dois lados”, afirmou Haddad. Ele defendeu que será saudável para o país que Lula tenha o direito de se submeter a votação popular. “O eleitor será soberano em seu julgamento”, diz. “Espero que o Lula concorra, minha convicção é que ele tem todo o direito de disputar. Se isso acontecer, ele será um candidato forte. O eleitor vai dizer o que pensa sobre essa situação."
Para o deputado federal Rodrigo Maia, a saturação do sistema político vem acontecendo há algumas eleições. Ele avaliou a proposta de uma cláusula de desempenho, norma que limita o funcionamento parlamentar ao partido que não alcançar um determinado percentual de votos. A crítica é que a medida prejudicaria pequenos partidos. Maia também avaliou a proposta de fim de coligações partidárias. “Só isso é muito pouco, porque fortalece os que estão aí há muitos anos [no poder]. Não vai dar oportunidade para que novas lideranças entrem no processo eleitoral”, afirma. Maia acredita no sistema eleitoral batizado de distrital misto, no qual o eleitor vota para candidatos no distrito e para a lista dos partidos, como critério para as eleições de 2022. “É a minha aposta. Acho que o voto majoritário renova mais do que o voto proporcional. Se for o distritão [os mais votados são eleitos] com distrital misto em 2022, nós demos um grande avanço”, diz.
Rodrigo Maia no debate sobre renovação política (Foto: João Castelano - Época)
Haddad tem uma posição divergente em relação ao distritão. “O Parlamento tem de representar a diversidade da sociedade. O risco do voto majoritário é começar a criar problemas para discutir temas que são caros à minoria política. Seria um retrocesso adotar um sistema majoritário para escolher os representantes do Parlamento”, afirma. Em relação ao distrital misto, o ex-prefeito não enxerga problemas, desde que haja regras de transição para esse modelo que não fosse o distritão. “Seria o atual sistema, mas sem as coligações proporcionais.” Com a coligação proporcional banida, pequenos partidos não precisariam se aliar a legendas que não tivessem uma conexão com sua posição ideológica.
Ambos fizeram uma crítica ao “caciquismo” na política. Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito Cesar Maia, diz que as pessoas sobrevivem na política por seus méritos. “O importante nesse processo é que todos os políticos disputem eleição e sejam legitimados pelo voto. Meu pai tem uma base eleitoral mais à esquerda, e toda a minha agenda tem um conflito com a agenda dele. Em nenhum momento ele me pediu para que eu trocasse”, diz. Fernando Haddad concorda que é natural que a liderança de políticos “contaminem” as pessoas em seu entorno – sejam familiares ou não. “Não vejo nenhum problema de que filhos de políticos se tornem políticos. “O problema do caciquismo acontece quando um político monopoliza a máquina política, porque aí não há renovação. Com sobrenome ou sem sobrenome.”

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