Rodrigo Maia e Fernando Haddad criticam clima de polarização no Brasil
O presidente da Câmara, do DEM, e o ex-prefeito de São Paulo, do PT, participaram de um debate promovido por ÉPOCA para discutir a renovação na política
Com partidos e políticos assumindo posições mais extremas e antagônicas, existe um lugar ao centro que pode ser ocupado? Rodrigo Maia diz que, nas próximas eleições, devem se apresentar novos semblantes de políticos que assumam essa posição, em meio a um contexto de polarização. “Essa polarização tem sido ruim para o Brasil. Acho que o centro vai ser, sem abrir mão da agenda que os dois campos [direita e esquerda] acreditam, de alguém que consiga construir um ambiente de diálogo em meio aos candidatos radicalizados”, diz. “A sociedade procura um ambiente que saia dessa polarização de um jogar lama no outro. Isso está um pouco desgastado.” Fernando Haddad afirma que é cedo para que o Partido dos Trabalhadores esteja ou não alijado do centro político: “Todos os seus partidos se apresentam em seu pior momento histórico, inclusive o PT. A ferida está aberta. Vai ser muito difícil disputar uma eleição nesse ambiente que estamos vivendo”. Mas ele está otimista. “Acho que até 2018 o ambiente já terá melhorado.”
Para o deputado federal Rodrigo Maia, a saturação do sistema político vem acontecendo há algumas eleições. Ele avaliou a proposta de uma cláusula de desempenho, norma que limita o funcionamento parlamentar ao partido que não alcançar um determinado percentual de votos. A crítica é que a medida prejudicaria pequenos partidos. Maia também avaliou a proposta de fim de coligações partidárias. “Só isso é muito pouco, porque fortalece os que estão aí há muitos anos [no poder]. Não vai dar oportunidade para que novas lideranças entrem no processo eleitoral”, afirma. Maia acredita no sistema eleitoral batizado de distrital misto, no qual o eleitor vota para candidatos no distrito e para a lista dos partidos, como critério para as eleições de 2022. “É a minha aposta. Acho que o voto majoritário renova mais do que o voto proporcional. Se for o distritão [os mais votados são eleitos] com distrital misto em 2022, nós demos um grande avanço”, diz.
Ambos fizeram uma crítica ao “caciquismo” na política. Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito Cesar Maia, diz que as pessoas sobrevivem na política por seus méritos. “O importante nesse processo é que todos os políticos disputem eleição e sejam legitimados pelo voto. Meu pai tem uma base eleitoral mais à esquerda, e toda a minha agenda tem um conflito com a agenda dele. Em nenhum momento ele me pediu para que eu trocasse”, diz. Fernando Haddad concorda que é natural que a liderança de políticos “contaminem” as pessoas em seu entorno – sejam familiares ou não. “Não vejo nenhum problema de que filhos de políticos se tornem políticos. “O problema do caciquismo acontece quando um político monopoliza a máquina política, porque aí não há renovação. Com sobrenome ou sem sobrenome.”
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