Pular para o conteúdo principal

Projeções apontam para PIB perto de zero no 2º trimestre de 2017

Apesar de resultado ser inferior à expansão de 1% registrada no 1º trimestre, analistas avaliam que economia dá sinais de melhora e que mais setores estão em recuperação.


Depois de uma alta de 1% no primeiro trimestre, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do 2º trimestre apontará para uma estabilidade da economia, segundo as projeções de analistas de mercado. A divulgação oficial pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) será na sexta-feira (1).
Levantamento do G1 com 12 bancos, consultorias e grupo de economistas mostra que 5 estimam retração entre 0,1% e 0,5%, 4 esperam crescimento zero, e 3 preveem alta, entre 0,1% e 0,2%.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também estimou nesta segunda-feira que o PIB do 2º trimestre deverá vir "próximo do equilíbrio", ou seja, próximo de zero.
Veja abaixo as projeções para o PIB do 2º trimestre:
Projeções para o PIB do 2º trimestre (Foto: Arte G1)Projeções para o PIB do 2º trimestre (Foto: Arte G1)
Projeções para o PIB do 2º trimestre (Foto: Arte G1)
No 1º trimestre, a economia brasileira cresceu 1%, após 8 trimestres seguidos de queda, numa alta impulsionada principalmente pelo agronegócio. O setor deu um salto de 13,4% após uma supersafra de grãos.

Mais setores em recuperação

Agora a previsão é que o resultado do PIB tenha mostrado uma recuperação mais espalhada entre os diferentes setores da economia.
Um dos principais destaques positivos é a recuperação do setor de serviços, que deverá ter a primeira alta após 9 trimestres em retração.
Salão de beleza em Campo Grande; setor de serviços volta a crescer  (Foto: Graziela Rezende/ TV Morena)Salão de beleza em Campo Grande; setor de serviços volta a crescer  (Foto: Graziela Rezende/ TV Morena)
Salão de beleza em Campo Grande; setor de serviços volta a crescer (Foto: Graziela Rezende/ TV Morena)
"Do lado da demanda, a principal surpresa positiva deve ser o consumo das famílias que voltou a subir", projeta Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados.
Se for confirmada a previsão, o consumo das famílias, historicamente um dos principais motores do PIB no Brasil, terá registrado também o primeiro avanço após 9 trimestres seguidos de retração. Pesaram a favor da retomada dos gastos dos brasileiros a liberação das contas inativas do FGTS e da queda da inflação nas vendas do comércio.
A decepção, mais uma vez, deve ficar a cargo dos investimentos, que segue andando para trás, em meio a ainda alta ociosidade da indústria e endividamento das empresas.
Embora a recuperação ainda seja muito lenta e tímida, os economistas destacam que após meses de um comportamento "gangorra", alternando altas e baixas, indicadores como os de vendas no varejo, indústria e emprego já migraram para o campo positivo.
“A gente já vê uma recuperação um pouco mais disseminada e o que nos tem dado um pouco mais de entusiasmo é que começamos a ver dados consistentemente de consumo, emprego, serviços e de crédito", afirma Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.
Para ele, os números do 2º trimestre mostraram que a economia atravessou relativamente imune à crise política detonada após as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista envolvendo o presidente Michel Temer. “O resultado é bastante razoável, considerando a crise política que tivemos em maio, que não foi pequena. Havia até um risco de volta da recessão", acrescenta.

Efeito da agropecuária

O efeito estatístico é o principal motivo para os economistas esperarem um PIB menor no segundo trimestre do que no primeiro. O desempenho excepcional do agronegócio no primeiro trimestre inflou a base de comparação e agora deverá devolver a alta.
Agronegócios puxou alta do pib no 1º trimestre (Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP)Agronegócios puxou alta do pib no 1º trimestre (Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP)
Agronegócios puxou alta do pib no 1º trimestre (Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP)
“Sem a agropecuária, o resultado do PIB do 2º trimestre seria muito parecido com o do trimestre anterior, ao redor de 0,1%”, avalia a economia Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro/Ibre, que chegou a classificar o resultado anterior de "falso positivo".
“Tanto o positivo do 1º trimestre foi uma visão meio equivocada como agora o resultado do 2° trimestre pode dar uma visão mais pessimista do que deveria. Esse semestre foi de estabilização da economia. Esta é a melhor leitura”, resume.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por exemplo, estima que o agronegócio caiu 2,9% na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2016, a projeção é de alta de 11,7%.
O economista Sérgio Vale, da MB Associados, destaca que apesar da expectativa de queda do PIB do agronegócio na comparação com o trimestre anterior, o avanço do setor continuará sendo de 2 dígito na comparação com o mesmo período do ano passado. Para ele, a agropecuária dará uma contribuição significativa para o resultado fechado do PIB de 2017.
Últimos resultados do PIB divulgados pelo IBGE, na comparação com o trimestre imediatamente anterior (Foto: Arte/G1)Últimos resultados do PIB divulgados pelo IBGE, na comparação com o trimestre imediatamente anterior (Foto: Arte/G1)
Últimos resultados do PIB divulgados pelo IBGE, na comparação com o trimestre imediatamente anterior (Foto: Arte/G1)

Perspectivas e incertezas

O mercado financeiro elevou esta semana sua estimativa de crescimento para o PIB de 2017, de 0,34% para 0,39%, segundo o Boletim Focus, publicação do Banco Central que reúne projeções de analistas. Para 2018, foi mantida a previsão de expansão de 2%.
Na visão do ministro da Fazenda, o país entrará em 2018 com um ritmo de crescimento "perto de 3%".
A análise geral entre os analistas é que a economia entrou em um ritmo melhor no terceiro trimestre e tende a ganhar um pouco mais de tração até o final do ano. A queda da inflação e dos juros estimulam a atividade econômica, assim como outras medidas anunciadas pelo governo, como a liberação de saques de R$ 16 bilhões do PIS/Pasep para idosos.
Os economistas alertam, entretanto, que o ritmo de recuperação ainda é muito lento. Para eles, a estabilização da economia está sujeita a diversas incertezas políticas e é cedo para falar em retomada do crescimento.
"Apesar de alguma melhora nos dados da oferta como serviços e varejo, a demanda ainda preocupa. O consumo das famílias, do governo e o investimento devem continuar fracos", afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
"A economia ainda está na fase da estabilização. Talvez no quarto trimestre a situação já esteja mais espalhada para todos os setores, ainda que de forma moderada", diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings.
Embora boa parte do mercado já não conte com a possibilidade de aprovação da reforma da Previdência em 2017, o tema continua sendo tratado como prioridade para a estabilização da economia, para a melhora da confiança de investidores e até mesmo para a manutenção das projeções para o PIB.
“Não é que nossa previsão depende da reforma da Previdência. Mas se tiver um fracasso completo, pode ser que afete as expectativas. Agora, se tiver uma aprovação, a projeção pode passar a ser até melhor do que a gente está imaginando hoje”, explica Kawall.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p