Janot pede impedimento de Gilmar em casos do ‘Rei do ônibus’
Procurador-geral da República cita 'vínculos pessoais' entre as famílias do ministro do STF e de Jacob Barata Filho, solto por decisão de Gilmar Mendes
Nas petições, encaminhadas à presidente da Corte a pedido da força-tarefa da Lava Jato carioca, Janot argumenta que “não resta dúvida” de que as famílias de Gilmar Mendes e de Barata Filho têm “vínculos pessoais”. “Os vínculos são atuais, ultrapassam a barreira dos laços superficiais de cordialidade e atingem a relação íntima de amizade”, afirma o procurador-geral.
Rodrigo Janot cita que, em 2013, Gilmar e sua mulher, Guiomar Mendes, foram padrinhos no casamento de Beatriz Barata, filha do “Rei do ônibus”, com Francisco Feitosa Filho, sobrinho de Guiomar; que Jacob Barata Filho é sócio de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado do ministro do STF; que o telefone da mulher de Gilmar consta na agenda do celular do empresário e, além destes, que o escritório do advogado Sérgio Bermudes, no qual Guiomar Mendes trabalha, representa empresas de Barata Filho e Lélis Teixeira.
“Tudo isso compromete a isenção do ministro na apreciação da causa, ou, no mínimo, abalam a crença nessa imparcialidade”, argumenta Janot.
Juiz prende, Gilmar solta
Gilmar Mendes determinou a soltura de Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira duas vezes na semana passada. Após a primeira delas, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, voltou a decretar a prisão deles. A decisão foi derrubada por nova decisão do ministro, que permitiu que que ambos deixassem a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, no último sábado. Além de Barata Filho e Teixeira, Gilmar Mendes estendeu a liberdade a outros quatro réus presos preventivamente na Ponto Final: Cláudio Sá Garcia de Freitas, Marcelo Praça Gonçalves, Enéas da Silva Bueno e Octacílio de Almeida Monteiro.Ao aceitar o pedido feito pela defesa dos empresários, Gilmar converteu as prisões preventivas em medidas cautelares, como recolhimento noturno. Nos fins de semana e feriados, eles ficam proibidos de participar das atividades de suas empresas e não podem deixar o país.
Procuradores que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro contestaram a liberdade concedida a Barata Filho e passaram a pedir que Gilmar Mendes fosse declarado impedido de atuar em processos que envolvam Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira.
Gilmar, por sua vez, declarou que não há “suspeição alguma” para julgar o caso. Em nota divulga na última sexta-feira, o ministro disse que não tem relação pessoal com Barata Filho e que o fato de ser padrinho de casamento da filha dele não se enquadra nas regras legais que determinam o afastamento de um magistrado para julgar uma causa em função de relação íntima com uma das partes.
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