Em busca de apoio, Bolsonaro aumenta exposição e exige reforço em segurança
BRASIL
Em busca de apoio popular diante das crises política e sanitária, o presidente Jair Bolsonaro aumentou sua exposição ao público, o que obrigou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) a reforçar a proteção pessoal do chefe do Executivo e a elevar a rigidez no cumprimento de protocolos de segurança.
Além de aumentar o controle no acesso ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, a equipe tem testado a utilização de drones e feito modificações nos procedimentos adotados no Palácio do Planalto, que passou a ser usado como camarote do presidente.
Apesar dos riscos de contaminação pelo novo coronavírus, Bolsonaro tem feito questão de se aproximar de aglomerações, adotou como novo hábito aparições na rampa do Planalto e tem feito caminhadas na residência oficial, quando se aproxima da área de visitantes.
A maior exposição tem preocupado os integrantes da estrutura responsável pela segurança presidencial.
Além do comportamento intempestivo de Bolsonaro, a equipe do presidente identificou o aumento do clima de animosidade ao governo nas redes sociais e de manifestações pontuais contra a atual gestão na frente tanto do Planalto como do Alvorada.
Durante a semana, Bolsonaro criou uma rotina de, no meio do expediente, ir ao topo da rampa do Planalto para acenar a apoiadores que se concentram na Praça dos Três Poderes. Questionado em uma destas ocasiões, respondeu que estava apenas tomando um ar, embora estivesse cercado por cinegrafista e fotógrafo oficiais.
Nos finais de semana, Bolsonaro aparece no local para estimular a militância que grita palavras de apoio a ele, mas contra o Legislativo, o STF (Supremo Tribunal Federal) e governadores.
Nestes momentos, a uma altura de 4 metros do chão, Bolsonaro tem se superexposto diante da praça que mede 120 metros por 220 metros. Para protegê-lo no novo cenário, a segurança presidencial tem se dividido em três grupos.
O primeiro permanece próximo ao presidente, inclusive com uma pasta que, em caso de necessidade, pode ser usada como escudo. O segundo fica um pouco mais afastado, nas imediações. E, por fim, um terceiro costuma se infiltrar entre os manifestantes. Não é raro Bolsonaro descer a rampa e se aproximar da grade de contenção para cumprimentar o público.
Em conversas reservadas, integrantes do GSI não escondem a preocupação com a segurança do presidente em suas exposições na rampa porque têm a informação de que, entre os manifestantes, há pessoas armadas.
Há pelo menos três acampamentos de apoiadores nas imediações do Planalto. Menor, o Acampamento Patriótico está instalado na Praça dos Três Poderes.
No estacionamento do Ministério da Justiça está o 300 do Brasil. A líder Sara Winter admitiu, em entrevista à Folha, que há pessoas armadas, mas afirmou que as armas servem apenas para proteção do acampamento, que conta com a presença constante de uma viatura da Polícia Militar. Um pouco mais distante, na frente do Ministério da Agricultura, há um terceiro grupo.
Na quarta-feira (20), a Praça dos Três Poderes recebeu um grupo de manifestantes contrários a Bolsonaro, que pediam a saída do presidente. Apesar do amplo espaço diante do Planalto, o prédio alto mais próximo fica a pouco mais de 100 metros de distância, o que dificulta —mas não impede—a ação de atiradores.
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