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Deputada estadual Olívia Santana falou ao Política Livre com exclusividade sobre candidatura à Prefeitura, entre outros temas

Ela tem uma trajetória na polícia, eu tenho uma trajetória na política, diz Olívia sobre a candidata do PT em entrevista exclusiva

EXCLUSIVAS
A deputada estadual Olívia Santana, pré-candidata do PCdoB à Prefeitura de Salvador, diz ter confiança de que passará pelo afunilamento que o processo eleitoral imporá às candidaturas no campo do governador Rui Costa (PT) para levar o projeto do partido de governar a capital baiana até o fim.
Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, ela diz ter a convicção de que chegou a hora de a cidade eleger um candidato que venha do povo e rompa a trajetória de ‘domínio das elites’ tradicionais sobre a cidade. Também fala sobre a candidatura do PT, representada pela Major Denice Santiago.
E nega que as duas trafeguem no mesmo campo político e tenham as mesmas trajetórias nem que isso possa prejudicá-la. “Eu tenho uma trajetória na política e ela na polícia”, afirma Olívia, renovando a expectativa de que possa ter o governador em seu palanque.
A parlamentar admite que votou contra o projeto de venda do Colégio Odorico Tavares, na Vitória, e se absteve na votação da reforma da Previdência do governo na Assembleia, mas lembra que, depois disso, manteve-se fiel aos pedidos do governo na Casa, transferindo, inclusive, os recursos de suas emendas parlamentares para ajudar no combate à Covid 19.
Confira, abaixo, os principais trechos da conversa com a parlamentar:
P – Deputada, como é fazer campanha sob um quadro desses, de pandemia? A campanha existe?
R – O desafio neste momento é fazer o giro. É entender que o momento agora é de colaborar com o esforço muito grande que tem sido feito – eu, na condição de deputada, não só sou uma pré-candidata a prefeita, mas sou uma parlamentar -, então entendo que a pauta da vida se sobrepõe a qualquer outra pauta, inclusive à pauta eleitoral. Então, tenho feito um trabalho muito voltado para o Legislativo – todas as votações que tem acontecido na Assembleia contam com a minha participação ativa, eu fiz muitos projetos também voltados para o enfrentamento dessa pandemia, muitas indicações ao governo do Estado, também à Prefeitura de Salvador – e estou acompanhando diversos movimentos sociais e principalmente participando do comitê popular solidário. Então, a gente já arrecadou quase 30 toneladas de alimentos para distribuir para comunidades mais pobres, as pessoas que mais precisam. Nós temos hoje um indicador de 39% de trabalhadoras domésticas que foram dispensadas – eu acompanho o trabalho dos Sindomésticos, Sindicato das Trabalhadoras, e a gente conseguiu fazer uma movimentação e conseguimos arrecadar cestas e conseguimos 150 cestas de alimentos para as trabalhadoras domésticas e também para comunidades de diversas localidades e bairros aqui de Salvador. Fiz uma articulação de uma rede solidária com vários grupos – Caja Verde, Focus Modas, Reprotaia e a Escola Comunitária Luíza Mahin – e a gente tem agido muito, batido em portas, pedindo ajuda de pequenos empresários, de amigos, de servidores públicos, sindicatos e a gente tem conseguido uma resposta muito positiva, exatamente nesta ideia de que a Covid 19 estabeleceu uma guerra, uma pauta de guerra e nós temos que unir todos os esforços pela vida. E uma das dimensões são as redes ou correntes de solidariedade que nós temos que ativar. Não pode ser somente o poder público strictu senso a trabalhar. Está no front da batalha, na assistência direta à saúde, mas nós também temos que buscar, enquanto cidadãos, ativar este trabalho de solidariedade. Então, eu estou hoje envolvida muito com isso, tenho trabalhado bastante e entendido que agora não dá para bater na porta do eleitor. Agora, nós temos que fazer campanha pelo isolamento social, então uma pauta da eleição é uma pauta mais de bastidores, de movimentações de bastidores e menos de acesso direto ao eleitor.
P – Como é que a senhora acha que vai ser a comunicação com o eleitor depois que passar este momento?
R – Eu penso que este momento já é parte da vida agora. A vida de todo mundo deu um giro, virou de cabeça para baixo. Nós estamos reaprendendo a viver e isso impacta todas as dimensões das nossas vidas e todas as atividades, inclusive a campanha eleitoral. Eu acredito que a prorrogação do prazo para a eleição acontecer é uma necessidade e que nós vamos aprender fazendo. Como é que nós vamos fazer a campanha eleitoral no momento adequado, em que for liberada para ser feita, no momento em que a pandemia estiver mais controlada. Vamos ter que pensar novas formas, novas táticas. Acredito que as redes sociais ganharão um papel ainda maior. E portanto a responsabilidade de todos e todas no que diz respeito a criar um ambiente de confiabilidade, de segurança, honestidade também cresce. O combate às fake news. A gente está vendo o estrago que as fake news fizeram na eleição de 2018 presidencial, aqui, nos EUA, em 2016, e em outros países. A gente percebe a força também das fake news. É preciso elevar a fiscalização. As instituições fiscalizadoras vão precisar cumprir um papel com agilidade para garantir um ambiente em que a verdade prevaleça, em que as propostas possam ser confrontadas pelos eleitores, para que as pessoas possam fazer escolhas seguras, com base na capacidade de argumentação e de proposta de cada candidato. Acho que a campanha virtual vai ganhar um peso ainda maior, mas acredito que nós vamos, sim, controlar esta pandemia e futuramente ter a oportunidade também do contato presencial junto ao eleitor, como sempre houve, como é importante, com o olho no olho, os debates que precisam acontecer na televisão para dar o máximo de amplitude para que as pessoas conheçam de fato a candidata, os candidatos.
P – O deputado federal Daniel Almeida participou de uma live aqui conosco na qual disse que o governador Rui costa vai subir no palanque da senhora. Ele teve dificuldade de subir no palanque do PCdoB na sucessão municipal passada, quando o partido teve, inclusive, o apoio do PT. A senhora acredita que ele subirá no seu palanque?
R – Mas é claro. Acredito. Não seria coerente, considerando que nós somos da base do governo, que o governador não subisse na base do PCdoB. O fato de o PT ter candidatura própria não elimina a configuração de forças que apóiam o mandato do governador. Nós somos partes da vitória do governador. Portanto, a reciprocidade é até uma questão de elegância. Eu acredito que o governador Rui Costa não se furtará a ter esta presença, esta participação. Na campanha de Alice, ele participou de vários programas na televisão e foi também na convenção do PCdoB. Então, não acredito que mudaria agora esta atitude agora com a minha candidatura.
P – A senhora ficou contra a venda do Colégio Odorico Tavares e se absteve de votar na reforma da Previdência do governo do Estado na Assembleia. Isso não dificultaria esse relacionamento com o governador?
R – Da minha parte, não dificultou em nada. Tudo o que o governador pautou depois desses dois projetos eu votei a favor, colaborei, contribui, continuo contribuindo com o governo. Todos os apelos que o governador fez, agora, por exemplo, pedindo que a gente abrisse mão das nossas emendas (para ajudar no combate à Covid 19), eu também abri mão em 100% das minhas emendas parlamentares. Então não vejo, da minha parte não há nenhum problema, continuo aberta, fui a diversos eventos do governo depois desse episódio da votação e, portanto, fico em paz, com minha consciência tranquila. Se houver aí alguma questão já é da parte do governo, mas em nenhum momento eu sofri qualquer constrangimento depois dessa votação.
P – Todas as candidaturas da base do governo que não pertencem ao PT sofrem o questionamento sobre se serão mantidas até o final. A senhora está determinada a levar a candidatura até o final?
R- Determinadíssima! Eu estou profundamente animada, com muita disposição. Nós vamos levar sim esta candidatura em frente, adiante. O final, para a gente, é o final da urna, quando a urna se abrir vai dizer quem vai ganhar a eleição, mas nós estamos com muita segurança, temos o apoio do PCdoB nacionalmente. Então, acho que é um momento muito importante para a minha vida, para a minha atuação política. Esse projeto eleitoral é algo que a gente já vinha pensando há muito tempo, construindo, passamos por um processo interno também muito positivo. Teve uma conferência do PCdoB, dois nomes estavam postos, o meu, o nome da deputada (federal) Alice (Portugal), o meu prevaleceu, a gente está unido agora, então não há razão para abrir mão de um projeto que foi tão bem construído. Tudo o que a gente tinha de discutir – se sairíamos ou não sairíamos, nós fizemos isso em 2019. Nós entramos 2020 já de maneira organizada, unificada. Eu tenho uma trajetória na vida política e ela foi considerada como algo muito importante para o conjunto do PCdoB. Então, não tem razão, nós temos uma tática, um projeto eleitoral para a Bahia e em outros Estados. Nós vamos disputar aqui, mas vamos disputar também em Porto Alegre com Manuela (D’Ávila), São Paulo, com Orlando Silva. Não é um projeto isolado, mas que diz respeito à tática eleitoral do PCdoB para a eleição de 2020.
P – Como a senhora viu a pesquisa Paraná que a coloca com 3,4% das intenções de voto? Isso a desestimulou?
R – A pesquisa que foi feita agora eu achei, inclusive, um despropósito. Por que num momento em que a pauta eleitoral está suspensa, praticamente, em que o debate é sobre a Covid 19, e só beneficia o prefeito e o candidato do prefeito. Por que fazer uma pesquisa neste momento? Eu achei que realmente a pesquisa atende a interesses outros. Então, não me intimida em nenhum momento e nem um pouco, muito pelo contrário. Eu acho que, se a gente for fazer campanha eleitoral, levando em consideração apenas o que as pesquisas apontarem, de maneira momentânea, cada indicador diz respeito a um determinado cenário, um determinado momento, então neste sentido eu não me intimido nem um pouco – muito pelo contrário, estou com muita disposição. Se fosse assim, (Jaques) Wagner não seria governador, Rui (Costa) não teria sido eleito e reeleito, se a gente levar em conta exclusivamente indicadores de pesquisa. Ainda mais feita desta maneira. Vamos seguir em frente fazendo o nosso trabalho e é o povo de Salvador diretamente que vai dizer, julgar, avaliar e fazer suas escolhas. A pesquisa mais importante agora é aquela que vai acontecer na data da eleição, na hora que o eleitor e a eleitora forem lá e depositarem seu voto na urna. Esse é o nosso foco. É isso que nos orienta a seguir em frente.
P – Nesta mesma sondagem, a Major Denice aparece em empate técnico com a senhora. A senhora acredita de que pelo fato de ser mulher, negra e pelo fato de alegarem que ela tem um histórico de vida de superação parecido com o da senhora, isso pode prejudicar a sua candidatura?
R – Não acho que a presença da major Denice na disputa eleitoral prejudique a minha candidatura. O fato de a major Denice ser negra e eu também ser uma mulher negra não significa que tenhamos as mesmas histórias. Ela tem uma trajetória na polícia, eu tenho uma trajetória na política. Então, acho que a minha presença no processo eleitoral diz respeito a uma culminância, de alguém que foi uma vereadora, que já foi secretária por três vezes, eleita deputada estadual com mais de 35 mil votos somente em Salvador e quase 70 mil votos na Bahia. Então, é uma trajetória diferente da trajetória da experiência da major Denice. E eu acredito que isso é o que mais importa neste momento. Nós vamos disputar, ela vai representar o Partido dos Trabalhadores, ela é a aposta do PT, eu sou a aposta do PCdoB. E nós vamos construir nossos caminhos. Eu tenho respeito à Major Denice, entendo que é uma candidatura do campo democrático, do campo do governador Rui Costa, é uma escolha do partido, como eu falei do PT, mas não vejo como um embaraço a presença dela. Eu acho que as pessoas têm discernimento suficiente para fazer suas escolhas. Eu estou muito satisfeita com o bloco de apoios de movimentos sociais que a gente tem recebido de maneira muito expressiva. Eu acredito, eu garanto que a gente tem uma construção política muito sólida e é isso que me anima, me dá segurança para seguir em frente sabendo que eu tenho uma trajetória, uma história e isso pode ser uma diferença muito significativa na construção de alianças nos movimentos sociais, populares e nos autoriza a fazer as conversas que a gente vem fazendo também com outras forças partidárias.
P – Uma crítica que se fez a esta escolha de Rui é a de militarizar o processo político com uma candidata egressa da Polícia Militar.
R – Eu tomei uma decisão de que eu não vou comentar as escolhas do Partido dos Trabalhadores. Eles tomaram uma decisão, porque t”em liberdade, o processo é democrático, cada um escolhe aquela ou aquele que serve melhor ao seu projeto. Eles resolveram fazer esta rota. Nós, do PCdoB, resolvemos fazer uma outra aposta. Então, respeitamos a decisão que eles tomaram, mas nós não nos identificamos com essa decisão e tomamos a nossa. Aliás, nós tomamos, inclusive, primeiro. Construímos essa alternativa para o povo de Salvador, saímos na frente. O PT fez esta movimentação, escolheu o nome que não era dos seus quadros, trouxe a Major Denice, está apresentando, é uma aposta e nós não vamos julgar a aposta deles. Deixa o povo decidir, julgar o que é melhor.
P – Com que número de candidaturas seria o ideal o grupo do governador concorrer? Alguns dizem que ele defende duas.
R – Eu acho que a questão não é só de número. Eu penso que temos que estabelecer uma tática eleitoral factível. Acho que até o processo das convenções muita coisa ainda pode acontecer para garantir alianças, composição entre partidos que agora estão apresentando nomes, mas podem recuar lá na frente e juntar e unir. De repente, a gente sai com três, com quatro candidaturas. Com essa possibilidade de adiamento das eleições, então, ainda cresce essa possibilidade de que as forças políticas não decidam agora, de imediato, mas continuem dialogando para um possível afunilamento. Não acredito que a gente vá sair com sete candidaturas, mas com menos, mas tudo será fruto dessa construção. Nós temos que evitar tanta pulverização e apostarmos que é possível unirmos e fundirmos duas, três candidaturas em função de uma que seja mais viável. Enfim, muita coisa ainda pode acontecer. Muita água vai rolar por baixo dessa ponte. Eu acredito que a gente vá finalizar esse processo com candidaturas sólidas no mesmo campo – vai ser mais plural, porque não tem um nome que unifique todo mundo, mas acho que o grau de afunilamento que deve acontecer oportunizará que Salvador também tenha alternativas. O mais importante é que eu tenho certeza que nós somos uma das principais alternativas desse processo ainda mais fortalecida, ainda mais viabilizada para disputar na urna, que é o que mais me encanta.
P – Como a senhora analisa a candidatura adversária de Bruno Reis, do DEM? Difícil ou fácil de enfrentar?
R – Eu avalio que o candidato Bruno Reis não é ACM Neto. É o amigo de ACM Neto que vai para a disputa do cargo de gestor da cidade de Salvador. Confio muito no meu taco porque acredito que Salvador precisa de uma liderança, precisa de uma filha do povo. Quem disse que Salvador só pode ser governador por famílias tradicionais, pelos filhos, pelos netos, pelo amigo do Neto. Então, acredito mais na possibilidade de um projeto de baixo para cima, de termos sim uma filha do povo com capacidade de governar esta cidade, apresentando projetos novos para ela. Acredito que é possível construir um novo pacto social para Salvador e esse novo pacto de construção da cidade, de uma cidade para todos precisa também ser liderado por alguém novo, efetivamente novo, no que diz respeito à visão de cidade, uma visão e uma origem. Acredito que temos muito que quebrar esta forma tradicional, cristalizada no tempo, de fazer política e fazer uma inflexão, uma mudança neste processo e uma aposta numa liderança de extrato popular, que tenha experiência, que tenha sido construída na luta popular. Então, é neste sentido que me apresento, sem nenhum problema em fazer este enfrentamento com Bruno Reis, porque tenho muita auto-confiança de que nós podemos apresentar um projeto novo para a cidade, fazer o debate necessário, olho no olho, trazer junto a população e a gente ganhar sim esta eleição. Assim é que acredito e estou louca que chegue este momento para a gente fazer esta campanha com projeto nas mãos. E o povo vai decidir.
P – A construção da vice começa a entrar na pauta dos partidos. Qual é o vice ideal para a candidata Olívia Santana?
R – O vice ideal é aquele que conhece a minha história, que está disposto a colaborar com o projeto para a cidade, que seja do campo de forças democráticas que está aqui mudando a Bahia, que apóia o governo Rui Costa, que vem desta trajetória, portanto, eu acredito que nós vamos fazer este diálogo com abertura, com humildade e com muita disposição de fazer uma construção política sólida e que dê voz. Quem vem, vem para somar. Quem vier, vem para poder colaborar, para poder ser ouvido, escutado e, portanto, ter espaço nesta chapa que tem esta visão de cidade, grandiosa. Salvador é uma cidade incrível, linda, com profundas contradições. Então, a pessoa que vem para vice tem que ter esta disposição de estar junto comigo, de querer trabalhar, mergulhar por esta cidade e, portanto, eu tenho esta abertura no que diz repeito à composição da vice, de dialogar com todos os partidos que fazem parte do nosso bloco para que a gente possa fazer esta construção política consistente e apresentar uma chapa forte, firme e que tenha uma visão generosa de cidade.
P – A senhora já chegou à conclusão de que o governo Bolsonaro é de extrema-direita?
R – Eu não tenho esta opinião de agora. Tenho esta opinião desde a campanha. O governo Bolsonaro é um governo neo-facista, de ultra-direita, que flerta com o nazismo de maneira desavergonhada, que usa símbolos, usa signos, flertando abertamente com o nazismo. Então eu acho que nós temos que ter a gravidade do que foi a eleição de um outsider como esse, como foi esta figura que é Bolsonaro. O cara que era um dos piores deputados federais, sem nenhuma produção legislativa, que sempre teve posições reacionárias na Câmara dos Deputados e de repente este cara que é votado pela maioria dos eleitores vira presidente do Brasil, utilizando métodos de manipulação, uma chuva de fake news, uma indústria de fake news, um Gabinete do Ódio montado, distorcendo a realidade, criou uma realidade paralela e ele não consegue sair. Como é que o mundo inteiro hoje, os líderes, os estadistas estão trabalhando com essa pandemia e tem um presidente negacionista, que fica negando a pandemia, que tem a coragem de sair para passear em jet-ski enquanto os corpos estão tombando , quanta gente morrendo e o presidente da República não faz nada, um pronunciamento que una a Nação ou que dê o mínimo de conforto às famílias que perderam seus filhos, que perderam seus maridos, suas esposas, seus entes queridos, é um negócio assim que eu nunca imaginei que eu fosse viver. Então, essa história de tratar a política na base do vale-tudo abriu o caminho para uma besta-fera passar. Foi isso o que aconteceu no Brasil. O foco na eleição de 2018 era impedir a qualquer custo que forças democráticas pudessem chegar à Presidência. Então, Lula foi preso depois daquele golpe que foi dado em Dilma, todos os ataques sofridos pela chapa Haddad-Manuela e de repente a gente viu esses segmentos que se uniram para abrir caminho para a direita passar, acabou possibilitando que a extrema-direita, neo facista, assumisse a faixa presidencial. Nós estamos pagando um preço altíssimo, porque chegamos a um momento agora em que a questão não é se é PT, se é PCdoB, sei lá, PSDB. A questão agora é o Brasil. Está indo para o ralo. Nós estamos indo para o fundo do poço. Esse presidente não traz nenhuma perspectiva para a Nação. É um presidente que não possibilitará uma reconstrução nacional até porque ele não consegue nem gerir a situação atual em que nos encontramos. Como é que no front da batalha contra um vírus que nem mesmo a ciência conseguiu ainda dar conta, encontrar saídas seguras no combate a este vírus, você tem um presidente que esvazia o ministério da Saúde – nós não temos hoje um ministro da Saúde -, que militariza o ministério, todo o governo e não dá nenhuma diretriz. Não há luz no final desse túnel com Bolsonaro no poder. É necessário fazer uma troca de comando para o bem da democracia. Nós temos que enfrentar isso, temos que mudar esta página sem perder o que resta da nossa democracia. Porque do jeito que está aí as pessoas estão morrendo. A irresponsabilidade do presidente está matando uma parcela importante do povo brasileiro, porque na hora que ele faz discurso contra o isolamento social, recomendando medicação que a ciência não recomenda, cria um situação de mais confusão no ambiente. Ele impulsiona as pessoas a assumirem práticas que são exatamente contrárias ao que a OMS, as organizações ligadas à saúde pública e à saúde privada, os especialistas, recomendam. Então, ele está na contramão e na contramão ele mata pessoas. É um discurso letal. Uma prática política letal. Quando ele convoca aglomerações, manifestações no momento em que os governadores estão unidos dizendo às pessoas fiquem em casa, apostando no isolamento, que é a única forma de controlar a proliferação desse vírus, ele diz: saia, vai trabalhar, a economia é mais importante. É um incentivo ao caos, as ameaças que ele e os filhos fazem às instituições democráticas são uma série de crimes de responsabilidade e nada acontece contra esse homem? Então, é uma situação muito complexa, difícil, vexatória. Eu queria aproveitar esta oportunidade para externar a minha mais completa solidariedade às famílias de pacientes ou de pessoas que perderam suas vidas, aos médicos, enfermeiras, profissionais da saúde que estão no front da batalha, salvando vidas, enquanto o presidente está contra a vida em em favor do vírus. Ele está de braços dados com o virus,  enquanto os outros agentes públicos estão trabalhando para enfrentar a pandemia.

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