Após silenciar sobre morte de miliciano, Bolsonaro defende Moro e diz que PSOL protege milícia
BRASIL
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aproveitou sua transmissão ao vivo nas redes sociais para defender o ministro Sergio Moro (Justiça) de críticas de que ele estaria protegendo milícias.
“Não é defender um ministro, é falar a verdade sobre o ministro. O ministro Sergio Moro esteve na Câmara ontem, e teve um deputado do PSOL, que dispensa comentários, que acusou ele de estar defendendo milicianos, no caso, a minha família”, afirmou o presidente na noite desta quinta-feira (13).
Em audiência pública na Câmara, na quarta (12), Moro foi alvo de críticas do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que o acusou de ser “capanga de milícias” e da “família Bolsonaro”.
Moro foi questionado sobre a ausência do nome de Adriano da Nóbrega, ex-capitão da PM, da lista dos criminosos mais procurados do Brasil divulgada pelo Ministério da Justiça há duas semanas. À época, a pasta justificou que Adriano não respondia a acusações interestaduais, porém, a relação incluía outros dois milicianos do Rio.
Adriano era apontado como chefe de milícia no Rio de Janeiro, e foi morto no último domingo (9) em ação policial na Bahia.
Bolsonaro, que até o momento não comentou a morte do ex-PM, acusou o PSOL de proteger milicianos.
“Então, o PSOL defende as milícias, eu não quero me aprofundar aqui porque eu sou do Rio de Janeiro, temos uma noção do que acontece no Rio de Janeiro, mas o PSOL aqui foi contra criminalizar as milícias no projeto anticrime do ministro Sergio Moro”, afirmou.
O pacote originalmente enviado pelo ministro da Justiça trazia uma definição de grupos que deveriam ser considerados organizações criminosas, como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte e milícia.
Esse trecho posteriormente foi retirado, com apoio de aliados do governo. Os parlamentares entenderam que seria mais fácil de aprovar o texto sem a lista das facções. Os grupos criminosos continuam enquadrados na legislação, mas sem a menção a seus nomes.
É de autoria de Marcelo Freixo (PSOL-RJ) emenda que determinava que crimes de milícias fossem julgados pela Justiça Federal, mas o texto acabou não sendo incluído ao pacote anticrime.
Freixo, que integrou o grupo que analisou o projeto de Moro na Câmara, foi presidente da CPI das Milícias da Assembleia do Rio. O relatório final, de 2008, pediu o indiciamento de mais de 200 pessoas por suspeita de envolvimento com as organizações criminosas.
Desde 2012, o Código Penal tipifica o crime de constituição de milícia privada.
Além de ser acusado de comandar a mais antiga milícia do Rio, o ex-capitão Adriano também era suspeito de integrar um grupo de assassinos profissionais do estado.
Ele teve duas parentes nomeadas no antigo gabinete da Assembleia Legislativa do Rio do hoje senador Flávio Bolsonaro e foi condecorado pelo parlamentar quando ele era deputado estadual.
O miliciano estava foragido havia mais de um ano. O advogado dele, Paulo Catta Preta, afirma que o ex-capitão dizia temer ser alvo de uma “queima de arquivo”.
Na sessão na Câmara, Braga insinuou que Moro teria interferido nos trabalhos da Polícia Federal, que isentou Flávio da suspeita de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ele se referia a inquérito eleitoral que investigou as negociações de imóveis feitas pelo filho mais velho do presidente e sua declaração de bens na eleição de 2018.
Há, contudo, uma investigação no Ministério Público do Rio de Janeiro na qual Flávio é suspeito de lavar dinheiro fruto de um esquema de “rachadinha” —quando funcionários são coagidos a devolver parte do salário— em seu gabinete na Assembleia.
Moro respondeu a Braga o chamando de “desqualificado para o exercício do cargo de deputado” e disse que “não há fato que possa ser invocado dizendo” que ele protegeu alguém.
Moro e Braga foram repreendidos pelo presidente da comissão, Marcelo Ramos (PL-SP), pelas ofensas, mas houve um princípio de tumulto no colegiado.
A discussão teve sequência nas redes sociais tanto dos parlamentares quanto do ministro.
Durante a live, Bolsonaro leu o tuíte de Moro, que foi respondido por Braga e por Freixo.
“Não gosto deste jogo político. Mas verdades precisam ser ditas. No projeto de lei anticrime, propusemos que milícias fossem qualificadas expressamente como organizações criminosas. Propusemos várias outras medidas contra crime organizado. O PSOL,de Freixo/Glauber,foi contra todas elas”, escreveu o ministro.
Comentários
Postar um comentário