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Marielle Franco

‘Paraíbas’, Marielle e impostos: relembre brigas e polêmicas entre Bolsonaro e governadores

BRASIL
Eleito em 2018 com maioria em 16 das 27 unidades federativas do Brasil – em grande parte delas com apoio dos candidatos a governador que saíram vitoriosos -, o presidente Jair Bolsonaro vem enfrentando uma contínua perda de apoio nos Estados.
O último e mais significativo ato que expõe o desgaste da relação foi uma carta endossada por 20 governadores, divulgada nesta segunda-feira, com críticas a Bolsonaro por não contribuir para a “evolução da democracia” e “destruir pontes com as administrações estaduais”. Os governadores redigiram a carta em apoio ao baiano Rui Costa (PT), que tinha sido acusado por Bolsonaro de ser amigo de “bandidos” e de ter permitido, em seu Estado, a morte de Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, apontado como chefe de milícia.
O movimento dos governadores mostra a insatisfação generalizada com a forma com que Bolsonaro se dirige aos Estados. Entre os remetentes estão desafetos de primeira ordem, como Flávio Dino, do Maranhão, e Paulo Câmara, de Pernambuco, e simpatizantes e ex-aliados que surfaram na onda bolsonarista durante a eleição, como Romeu Zema (Minas), João Doria (SP) e Wilson Witzel (RJ).
Relembre alguns momentos-chave que mostram o desgate da relação entre Bolsonaro e governadores:
Uma das primeiras polêmicas criadas pelo presidente com os governadores envolveu uma declaração feita ao então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Em ataque ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), Bolsonaro disse a Onyx: “Daqueles governadores da ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara”. O áudio vazou na transmissão de um evento. Dino respondeu dizendo que a postura foi “beligerante” e “sectária”. Governadores do Nordeste reagiram manifestando “espanto e profunda indignação”.
O Nordeste foi o primeiro local em que o presidente enfrentou resistência para criar laços políticos. Pouco depois da polêmica com Flávio Dino, o presidente condicionou a liberação de verbas para a região ao apoio e reconhecimento do trabalho conjunto aos governadores. “Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles, vamos divulgar obras junto a prefeituras”, disse o presidente.
‘Quando estava mamando a bandeira lá, a bandeira era vermelha com foiçasso e um martelo sem problema nenhum, né?’ – 29/08/2019
Apesar do “Bolsodória” nas eleições de 2018, Bolsonaro atacou João Doria (PSDB) ao dizer que o governador de São Paulo “estava mamando” nos governos do PT. O presidente se referia à compra de aviões com financiamento do BNDES. Doria respondeu dizendo que nunca precisou mamar em teta alguma. Nos dias seguintes, Bolsonaro declarou que Doria “está morto” para a disputa presidencial de 2022 e que não tem chance de vitória porque é uma “ejaculação precoce”.
Em outubro, o alvo do presidente foi Paulo Câmara (PSB). Bolsonaro chamou o governador de Pernambuco de “espertalhão” por ter feito propaganda da versão estadual do 13º do Bolsa Família. Câmara rebateu dizendo que a versão pernambucana do programa era anterior à do governo federal. O ataque a Câmara motivou uma carta assinada pelos governadores do Nordeste, na qual afirmavam ser “profundamente lamentável que a missão confiada ao atual presidente seja transformada em um vergonhoso exercício de grosserias”.
‘Por que querem me destruir? Por que essa sede de poder, seu governador Witzel? – 29/10/2019
Um dos grandes apoiadores de Bolsonaro durante a campanha, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) também foi alvo das declarações do presidente. A primeira afirmação ríspida aconteceu após o nome do presidente ser citado por um porteiro em um depoimento no caso Marielle Franco. Entre os ataques desferidos, Bolsonaro atacou Witzel, culpando-o pelo vazamento do depoimento. Em nota, Witzel lamentou a manifestação do presidente, que classificou como “intempestiva”, e disse que foi atacado injustamente.
Em uma tentativa de dividir com os governadores o desgaste pela alta do preço dos combustíveis, Bolsonaro anunciou que enviaria uma proposta ao Legislativo que diminui a incidência do ICMS sobre combustíveis. O imposto é a principal fonte de receita dos Estados. Uma carta assinada por 23 governadores criticou a iniciativa e pedia um “debate responsável” sobre o assunto. O presidente decidiu então desafiar os governadores e afirmou que retiraria os impostos federais sobre os combustíveis se os governadores zerassem o ICMS. João Doria chamou a atitude de Bolsonaro de “populista e pouco responsável”. Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) criticou o desafio e disse que o projeto não é “razoável, sensato e lógico”.
Em uma nova carta, 20 governadores voltaram a se unir para criticar uma declaração do presidente, que acusou a Polícia Militar da Bahia, “do PT”, pela morte de Adriano Magalhães da Nóbrega. A menção ao PT é uma referência ao governador da Bahia, Rui Costa, filiado ao partido. Costa respondeu pelo Twitter, sugerindo que Nóbrega mantinha laços de amizade com a Presidência da República – o capitão Adriano, como era conhecido, estava sendo investigado por ligações com um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do filho do presidente e então deputado estadual, Flavio Bolsonaro. A carta dos governadores diz que as declarações do presidente “não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”.

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