GOVBA
O governador Rui Costa (PT)
Deixa falar de milícia quem entende do assunto, diz Rui sobre Flávio Bolsonaro
BAHIA
O governador Rui Costa (PT) alfinetou o senador Flávio Bolsonaro (sem-partido-RJ) ao comentar nesta quinta (13) as declarações do filho do presidente sobre a morte de Adriano da Nóbrega, acusado de comandar uma milícia no Rio de Janeiro.
“Eu não entendo de miliciano. Eu não entendo nada do mundo do crime. Deixa quem entende ficar falando”, disse o governador petista em entrevista à imprensa.
Rui havia sido questionado sobre declarações do senador e do ministro da Justiça, Sergio Moro. Nesta quarta-feira (12), Flávio se manifestou pela primeira vez sobre a morte do ex-capitão da PM Adriano da Nóbrega. Ele afirmou que o miliciano foi “brutalmente assassinado” e pediu que fosse impedida a cremação do corpo.
“DENÚNCIA! Acaba de chegar a meu conhecimento que há pessoas acelerando a cremação de Adriano da Nóbrega para sumir com as evidências de que ele foi brutalmente assassinado na Bahia. Rogo às autoridades competentes que impeçam isso e elucidem o que de fato houve”, escreveu o senador em sua conta oficial no Twitter.
Já Moro afirmou em audiência na Câmara dos Deputados que cabe à polícia da Bahia esclarecer a morte do miliciano.
“Essa pessoa foi morta nesse confronto com a polícia. E veja: não estou criticando a polícia, não sei a circunstância [da morte], isso vai ser apurado. Mas é a polícia do estado governado pelo Partido dos Trabalhadores. Quem tem que prestar esses esclarecimentos é lá”, disse.
O tuíte de Flávio foi o primeiro pronunciamento público da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a morte do ex-PM, acusado de integrar um grupo de assassinos profissionais, chefiar uma milícia e ter sociedade com bicheiros no Rio de Janeiro.
Homenageado duas vezes na Assembleia Legislativa do Rio por Flávio, Adriano é citado na investigação que apura a prática de “rachadinha” (esquema de devolução de salários) no gabinete do então deputado estadual. O miliciano teve a mãe e a mulher nomeadas por Flávio.
Também recebeu homenagem de Jair Bolsonaro, na época deputado federal.
Foragido havia mais de um ano, Adriano foi morto no domingo (9) em uma operação conjunta das polícias baiana e fluminense em Esplanada (cidade a 170 km de Salvador).
As circunstâncias da morte expõem uma série de dúvidas sobre a rede que deu suporte a Adriano e sobre a própria versão oficial da morte dele.
A Justiça do Rio de Janeiro impediu na madrugada desta quarta a cremação, solicitada pela mãe e irmãs do ex-policial. A cerimônia estava marcada para as 10h no Crematório do Memorial do Carmo, mas foi cancelada. Também nesta quinta, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, falou sobre a operação que resultou na morte do ex-PM.
“Quem ofereceu a resistência não foi a polícia”, disse o secretário, ao justificar o desfecho da ação policial.
Ele afirmou que a secretaria de Segurança Pública da Bahia está colaborando com a polícia no Rio de Janeiro para que sejam aprofundadas as investigações sobre os crimes praticados pelo miliciano.
Segundo laudo do Departamento de Polícia Técnica da Bahia, Adriano foi morto com dois tiros na região do tórax. Os tiros causaram lesões no tórax, no pescoço e na clavícula, além de quebrar sete costelas.
Os técnicos também farão perícia no escudo à prova de balas utilizado pelos policiais na operação policial.
De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Técnica da Bahia, Élson Jefferson, é possível identificar duas marcas “provenientes de impactos relevantes” no escudo. As equipes da Polícia Técnica vão analisar a existência de vestígios de chumbo ou cobre no equipamento.
Em depoimento, os policiais que participaram da ação relataram que o escudo evitou que dois disparos de arma de fogo os atingissem.
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