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Folhapress
RIBEIRÃO PRETO, SP, 30.06.2019 - Manifestantes durante ato a favor da Operação Lava Jato e do ministro da Justiça, Sergio Moro, na avenida 9 de Julho, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo

Ato opõe apoiadores de Bolsonaro e da Lava Jato

BRASIL
Grupos que organizam a manifestação convocada para o dia 15 de março em defesa do presidente Jair Bolsonaro e contra o Congresso estão divididos sobre as bandeiras que serão levadas às ruas. De um lado, apoiadores da família do presidente pressionam para que o mote do protesto seja apenas “somos todos Bolsonaro”. Defensores da Lava Jato, no entanto, querem usar o ato para pressionar os políticos a aprovarem mudanças na lei para permitir a prisão após condenação em segunda instância. A divergência levou a uma troca de ataques nas redes sociais.
Bolsonaro enviou, de seu telefone, vídeos fazendo convocação para o ato, como mostrou na terça-feira, 25, o site BR Político, do Grupo Estado.
Integrantes de grupos como o República de Curitiba, que tem 432.605 seguidores, estão sendo atacados por defender também a agenda do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. “Alguns grupos têm feito pressão para que não entrem outras pautas além da defesa do Bolsonaro, mas entendemos que a prisão após a segunda instância também é uma pauta do governo. Como não temos filiação partidária, não entramos nestas questões”, disse Paulo Generoso, coordenador do República de Curitiba, um dos grupos pró-Lava Jato.
O grupo foi acusado nas redes sociais pelo Movimento Conservador, que tem 101.483 seguidores, de estar “sabotando” a pauta única. Ligado ao Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar, o Avança Brasil, com 1,7 milhão de seguidores, também rejeita incluir a prisão em segunda instância na manifestação.
“O objetivo é mostrar apoio das ruas ao presidente. A manifestação não tem que entrar na prisão em segunda instância”, disse Patrick Folena, coordenador do grupo. A mesma linha é defendida pelos parlamentares bolsonaristas. “A pauta é única: apoio ao presidente e defesa da Constituição, que prevê o presidencialismo”, disse o deputado Filipe Barros (PSL-PR).
Remanescentes do movimento que levou milhões de pessoas às ruas pelo impeachment de Dilma Rousseff, grupos como o Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL) não aderiram à convocação para os atos. Eles defendem a prisão após segunda instância e o pacote anticrime de Moro, mas se negam a apoiar o Palácio do Planalto.
Mesmo após a polêmica causada pelo vídeo compartilhado por Bolsonaro no qual um narrador faz uma apelo dramático para a manifestação, os organizadores dos atos mantêm o discurso duro em relação ao Congresso Nacional e elegeram os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), como alvo.
Eles negam que defendam o fechamento das duas Casas e evitam pedir a saída de Maia e Alcolumbre, mas criticam o Orçamento impositivo, que foi promulgado pelo Congresso em junho. Ele determina a execução obrigatória de emendas parlamentares de bancada.
“Dia 15 estaremos nas ruas de todo o Brasil, defendendo um Congresso forte, composto por homens de bem, por políticos que entendam que os direitos do Legislativo cessam onde começam os do Executivo e do Judiciário. Nós não queremos Executivo fazendo leis, nem Legislativo nem Judiciário governando, mas todos se limitando às suas funções”, diz o manifesto do Nas Ruas, grupo fundado pela deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).
“Faço parte da ala governista. O que é importante salientar é que uma ação do Congresso quer levar o governo ao erro, fragilizar o governo politicamente a partir de janeiro de 2021”, afirmou o deputado federal Luiz Philippe de Orleans Bragança (PSL-SP), defensor de Bolsonaro e integrante de movimentos de rua alinhados à direita.
Já movimentos e partidos de oposição ao governo Bolsonaro decidiram nesta quinta-feira, 27, convocar atos no País contra o que classificam como manifestações autoritárias do presidente. O tema será “Ditadura Nunca Mais” e a ideia é concentrar as mobilizações no dia 18 de março.
O calendário e o mote foram decididos em reuniões entre as nove centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem centenas de movimentos sociais.

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