PF: Geddel cometeu crimes de lavagem e associação criminosa
Inquérito do caso de bunker com R$ 51 mi também atribui delitos ao deputado Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro, à mãe deles e a dois ex-assessores
A fortuna em espécie, dividida entre 42 milhões de reais e 2,6 milhões de dólares, foi encontrada na Operação Tesouro Perdido, desdobramento da Operação Cui Bono?, que apura se Geddel Vieira Lima e outros peemedebistas receberam propina em contratos e empréstimos da Caixa Econômica Federal enquanto ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco estatal. A PF encontrou digitais de Geddel, Job Brandão e Gustavo Ferraz em cédulas na montanha de dinheiro. O ex-ministro está preso na Papuda, em Brasília.
No relatório de 36 páginas, os investigadores não indicam a origem dos recursos, mas afirmam ter “inúmeras razões” para não se convencerem de que o dinheiro tinha origem lícita. Entre os cinco motivos listados, a PF afirma não ser “crível” que “uma pessoa dispusesse da absurda quantia de aproximadamente R$ 51.000.000,00 em espécie, inclusive transportá-la de um local para outro, colocando em risco de assalto fortuna” e que Lúcio e Geddel “deixassem de auferir rendas sobre a milionária quantia de aproximadamente R$ 51.000.000,00 se este valor estivesse devidamente declarado e formalmente inserido no sistema financeiro nacional”.
O apartamento onde a fortuna foi descoberta fica no bairro da Graça, na capital baiana, e pertence ao empresário Silvio Silveira, amigo de Lúcio Vieira Lima. O imóvel teria sido emprestado aos irmãos Vieira Lima para que armazenassem bens de seu pai, morto em janeiro de 2016. Conforme depoimento de Job Brandão, que busca um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os valores costumavam ficar armazenados dentro de um closet na casa de Marluce Vieira Lima.
Ao atribuir a Geddel e Lúcio o crime de lavagem de dinheiro, a PF afirma que os irmãos tentaram ocultar valores ilícitos “mantendo-os armazenados em locais de difícil acesso, como um closet do quarto de um apartamento da genitora, uma senhora de quase 80 anos, mesmo possuindo residência no mesmo edifício (como no caso de Geddel) ou em edificação contígua (situação de Lúcio Vieira Lima), ou em apartamento com desvinculação da cadeia de propriedade ou posse – como ocorreu com o apartamento tomado por empréstimo de um amigo”.
Para a PF, a localização do dinheiro enquanto Geddel Vieira Lima estava em prisão domiciliar mostra que ele manteve “postura tendente ao crime” mesmo depois de o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) revogar a primeira prisão preventiva dele, em julho.
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