Pezão escolhe deputado estadual para tribunal devassado pela Lava Jato no Rio
Edson Albertassi tem origem parecida com a dos cinco conselheiros presos e depois afastados do cargo por corrupção
O governador do Rio de Janeiro, Luiz
Fernando Pezão, indicou na terça-feira (7) o deputado estadual Edson
Albertassi, do PMDB, para uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas
do estado do Rio. Por incrível que pareça, Pezão indica um político
justamente no momento em que cinco conselheiros titulares do tribunal –
todos com origem na política – estão afastados dos cargos, acusados pela
Operação Lava Jato de cobrar propina para fazer vista grossa à
corrupção em obras públicas que rendeu muito dinheiro sujo durante o
governo de Sérgio Cabral. Todos os afastados são ex-deputados estaduais
ou apadrinhados de deputados estaduais ligados ao PMDB; todos eram
próximos do atual presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani;
todos apoiaram os governadores anteriores, Sérgio Cabral, Rosinha
Garotinho e Anthony Garotinho.
É
exatamente alguém assim que Pezão está indicando para o
cargo. Albertassi é veterano deputado estadual, líder do governo na
Assembleia Legislativa e próximo de Picciani (outro acusado pela Lava
Jato). Albertassi apoiou os governos do casal Garotinho, de Sérgio
Cabral e de Pezão. Mais especificamente, Pezão indicou Albertassi para a
vaga de Jonas Lopes, conselheiro que se aposentou neste ano. Lopes foi
preso pela Operação Lava Jato no começo do ano, acusado de chefiar um
esquema de corrupção no tribunal. Ao fechar um acordo de delação
premiada, ele confessou inúmeros episódios de corrupção e ainda revelou a
participação de cinco ex-colegas, que foram presos e depois afastados
pela Justiça. A turma é acusada de receber 1% de propina sobre o valor
de todas as obras públicas, para não ver a corrupção que corria solta.
No mês passado, ÉPOCA mostrou como funciona o tribunal do Rio desde que a Operação Quinto do Ouro, uma fase da Lava Jato, prendeu os conselheiros Aloysio Neves, Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antonio Alencar e José Maurício Nolasco. Nos poucos meses que vive livre da influência política, tocado apenas por gente do ramo e distante da político, o TCE do Rio rejeitou as contas do governo Pezão (que estavam cheias de problemas), cortou gastos e se tornou mais transparente. A função do Tribunal de Contas é fiscalizar o modo como o governo estadual gasta o dinheiro público. Contudo, esses tribunais são dominados pelos governadores, que escolhem ex-políticos ou aliados para o cargo mais poderoso, o de conselheiro. Assim, na prática, os tribunais de contas pouco incomodam os governadores e pouco fazem contra a corrupção.
Além de contrária ao clima dominante, a indicação feita por Pezão contraria o rodízio previsto em lei. O plenário do tribunal, composto de sete conselheiros, deve ter quatro nomes indicados pela Assembleia Legislativa e outros três pelo governador, sendo dois desses egressos do corpo de auditores e do Ministério Público de Contas. Era a vez de um nome escolhido entre os auditores fiscais. A presidente interina do TCE, Marianna Montebello Willeman, chegou a encaminhar ao governador uma lista com os nomes dos três auditores substitutos do TCE, para que Pezão optasse por um deles. Porém, no dia 1º de novembro, Andrea Siqueira Martins, Rodrigo Mello do Nascimento e Marcelo Verdini Maia assinaram um documento abrindo mão da vaga em conjunto. Eles não explicaram por que tomaram tal decisão, que causou surpresa no tribunal. A desistência abriu caminho para que Pezão indicasse o deputado Albertassi.
No mês passado, ÉPOCA mostrou como funciona o tribunal do Rio desde que a Operação Quinto do Ouro, uma fase da Lava Jato, prendeu os conselheiros Aloysio Neves, Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antonio Alencar e José Maurício Nolasco. Nos poucos meses que vive livre da influência política, tocado apenas por gente do ramo e distante da político, o TCE do Rio rejeitou as contas do governo Pezão (que estavam cheias de problemas), cortou gastos e se tornou mais transparente. A função do Tribunal de Contas é fiscalizar o modo como o governo estadual gasta o dinheiro público. Contudo, esses tribunais são dominados pelos governadores, que escolhem ex-políticos ou aliados para o cargo mais poderoso, o de conselheiro. Assim, na prática, os tribunais de contas pouco incomodam os governadores e pouco fazem contra a corrupção.
Além de contrária ao clima dominante, a indicação feita por Pezão contraria o rodízio previsto em lei. O plenário do tribunal, composto de sete conselheiros, deve ter quatro nomes indicados pela Assembleia Legislativa e outros três pelo governador, sendo dois desses egressos do corpo de auditores e do Ministério Público de Contas. Era a vez de um nome escolhido entre os auditores fiscais. A presidente interina do TCE, Marianna Montebello Willeman, chegou a encaminhar ao governador uma lista com os nomes dos três auditores substitutos do TCE, para que Pezão optasse por um deles. Porém, no dia 1º de novembro, Andrea Siqueira Martins, Rodrigo Mello do Nascimento e Marcelo Verdini Maia assinaram um documento abrindo mão da vaga em conjunto. Eles não explicaram por que tomaram tal decisão, que causou surpresa no tribunal. A desistência abriu caminho para que Pezão indicasse o deputado Albertassi.
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