Pular para o conteúdo principal
Foto: Divulgação
General Braga Netto23 de abril de 2020 | 06:43

General Braga Netto emerge como articulador político do governo em meio ao coronavírus

BRASIL
Em meio às crises política e sanitária provocadas pelo novo coronavírus, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, ganha força e emerge como o principal articulador político do governo.
General da reserva, ele reformulou a estratégia do combate à pandemia em três eixos: dissolver o conflito interno, reconquistar o controle da comunicação sobre a administração da crise e reduzir o poder de fogo de opositores.
Ao mesmo tempo, atuou numa aproximação de Bolsonaro e partidos políticos com influência no Congresso.
Nesta quarta-feira (22), por exemplo, anunciou um plano de retomada da economia, chamado de Pró-Brasil, em que assumiu o protagonismo, em movimento de isolamento do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Da confiança de Jair Bolsonaro, Braga Netto defendeu em reuniões internas que, para ganhar a guerra contra o coronavírus, era preciso, primeiro, vencer as batalhas dentro do próprio governo.
Sob seu chapéu, foi criado o gabinete de crise para acabar com o que chamava de “disse-me-disse’’.
Braga Netto assumiu a Casa Civil em fevereiro, se tornando o nono militar no primeiro escalão e o primeiro fardado desde a ditadura militar na função.
O último havia sido o general Golbery do Couto e Silva, um dos ideólogos do regime e comandante do Gabinete Civil, que tinha as mesmas atribuições.
No Exército desde 1974 e general de quatro estrelas, Braga Netto foi observador das Nações Unidas no Timor Leste e adido na Polônia e nos Estados Unidos.​​
Como interventor no Rio de Janeiro em 2018, teve atuação marcada pela discrição e por não tomar decisões tempestivamente.
Da mesma maneira, vem conduzindo as ações na Casa Civil e ganhando espaço no governo.
A primeira batalha de Braga Netto foi no Ministério da Saúde. O militar tentou contornar a crise entre o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e o presidente Bolsonaro. Em vão.
Depois de Mandetta criticar o presidente em entrevista à TV Globo, Bolsonaro reclamou e o militar lavou as mãos, abrindo espaço para a queda do então ministro.
O afastamento da crise interna foi vista como a primeira de três etapas planejadas por Braga Netto para tirar o presidente – e o governo – do paredão.
O segundo movimento é reconquistar a guerra da comunicação.
Antes das mudanças na Saúde, Braga Netto começou a trazer para o Planalto o controle sobre a divulgação das ações do governo. Na coletivas, falava em nome do governo e chegou a impedir que Mandetta respondesse sobre seu futuro quando questionado se ficaria no cargo.
Após a queda do ministro, Braga Netto aproveitou para mudar de vez a divulgação das informações oficiais.
A avaliação feita por ele e seus assessores é que as entrevistas coletivas feitas pelo Ministério da Saúde estavam se tornando munição para atacar o governo.
A interlocutores ele disse que pretende conter o que chama de “contágio’’ da crise dentro do governo e, agora, estaria na fase de “tratamento” interno.
Por ordem do general da reserva, o foco dessas entrevistas passaria a ser positivo, como já ocorreu nesta quarta, com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, e sem a presença dos técnicos da pasta.​
A estratégia de comunicação também afastou outro ponto de tensão interna: o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, do chamado “gabinete do ódio”.
O ministro convenceu o presidente Bolsonaro de que era preciso tornar os canais de informações propositivos e que não fossem usados para ataques a adversários.
Braga Netto usou como exemplo o vídeo produzido pela Secom (Secretaria de Comunicação) no início da crise. No material, o Planalto pede o fim do isolamento, e Bolsonaro incentiva protestos anticonfinamento.
Após a publicação do vídeo, a Secom divulgou nota afirmando que o material era “em caráter experimental” e que não passou pelo “crivo” do governo.
Com a ajuda do chefe da secretaria, Fabio Wajngarten, que estava afastado na época do vídeo por causa da Covid-19, Braga Netto reformulou a estratégia abrindo espaço para entrevistas controladas em emissoras e veículos que apoiam o governo.
O movimento irritou o filho do presidente e a área ideológica do governo, que viram no ministro a personificação de um ex-ministro militar do governo c

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular