Comissário europeu diz que vê ‘sombra militar’ por trás de Bolsonaro
O chefe da pasta de economia da União Europeia (EU), o francês Pierre Moscovici, abriu a primeira saia justa para Bruxelas em relação ao Brasil. Em declarações nesta manhã, o comissário para Assuntos Econômicos do bloco criticou a eleição de Jair Bolsonaro para Presidente e pediu que as lideranças no mundo “acordem”. “Bolsonaro é evidentemente um populista de extrema direita”, disse o ex-ministro francês em diferentes governos socialistas em declarações à TV do senado francês. “Atrás dele, vemos a sombra dos militares que estiveram por um longo tempo no poder no Brasil, constituindo uma ditadura terrível”, declarou. “Ele mesmo é um ex-militar e seu vice-presidente é um militar”, destacou o comissário. “É claro que é um sinal”, insistiu o francês, um dos homens de maior influência hoje dentro do bloco europeu. Bolsonaro é o terceiro militar eleito pelo voto direto no País. Moscovici será a contraparte da equipe econômica do Presidente eleito nas reuniões do G-20 e em outros fóruns internacionais. A declaração de Moscovici levou a UE a se apressar em dar uma versão mais branda de sua avaliação sobre o novo governo brasileiro, insistindo que o comissário fala apenas por si mesmo e que o bloco, como um todo, não iria qualificar Bolsonaro. “O Brasil é um parceiro importante e também nas negociações com o Mercosul”, disse uma porta-voz da Comissão, Natasha Bertaud. “A UE espera fortalecer a parceria com o novo governo”, afirmou. “Evidentemente, respeitamos a escolha democrática do povo brasileiro. O Brasil é um país democrático com instituições sólidas e esperamos de todos os futuros presidentes do País que trabalhe para consolidar a democracia ao benefício do povo brasileiro”, afirmou a porta-voz, que qualificou o Brasil de um “parceiro muito importante”. Veja gráficos do histórico das disputas eleitorais à Presidência em dez mapas. Questionada, a Comissão evitou fazer comparações entre Bolsonaro e líderes populistas que ganham terreno pelo continente. “Não vamos no domínio dos sentimentos. Essa comparação não leva a nada”, insistiu a porta-voz, que deixou claro que não iria dar seu “sentimento” sobre a vitória do candidato do PSL. “Não vamos entrar no debate sobre como sentimos ou não sentimos. Essa é uma eleição democrática”, pontuou, evitando o qualificar de “populista”.
Estadão
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