Foto: Montagem/ Bahia Notícias
Tem um ditado antigo que fala que se conselho fosse bom, não seria dado. Seria vendido a preço de ouro. No entanto, diante da polêmica em torno da camiseta usada pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com a fala da juíza Gabriela Hardt ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acho que um conselho válido seria: Michelle, fuja de tretas, pois o resto da sua família está especializada nisso.
Camisas com frases “de efeito” parecem uma moda longe de passar. Michelle então pareceu bem antenada e trouxe uma camiseta preta com a expressão “Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”. Ela, que até então era uma figura discreta, praticamente “bela, recatada e do lar”, entrou para o panteão das falas provocadoras típicas do clã Bolsonaro. E, convenhamos, alimentar haters na internet não precisa ser um passatempo compartilhado por toda a família, não?
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a baixar o tom do último depoimento prestado por ele à Justiça quando a juíza Gabriela Hardt rebateu uma fala ácida dele. Lula sabe que insuflar a raiva do Judiciário não o levou longe e, ainda assim, tentou manter a rispidez com que lidava com o ex-juiz Sérgio Moro. O resultado foi que, independente do “justiçamento” da condenação dele no caso do tríplex, o ex-presidente conseguiu acumular relações pouco amistosas com membros do Judiciário.
Para aqueles que veem Lula como uma figura a ser odiada, a fala da magistrada caiu como uma luva. Porém existem aqueles que idolatram o ex-presidente e, para muitos, repetir indefinidamente o “cala boca” dado por Hardt pode soar ofensivo. E, como disse o próprio Jair Bolsonaro, presidente da República que tomará posse no dia 1º, ele governará para todos os brasileiros.
Não que se exija que a primeira-dama seja “bela, recatada e do lar” como se esperava de Marcela Temer (alerta de ironia). No entanto, Michelle poderia ser uma ponderação em um núcleo político cuja moderação de Hamilton Mourão passou a merecer destaque frente aos excessos cometidos pelos primeiros-filhos. Ao vestir uma provocação a Lula, a futura moradora do Palácio da Alvorada se traveste do ódio incitado pelos Bolsonaros – e que, entre outras coisas, parece ter motivado uma facada que quase mandou o patriarca da família para outro mundo.
Até podemos fingir que não lembramos que Michelle propôs retirar parte do acervo iconográfico católico do Alvorada, sob a justificativa de professar outra religião. Como liberdade religiosa não parece ser algo muito respeitável no Brasil de hoje, ao só remover as peças de um Palácio que funciona como museu é bem menos ofensivo do que alimentar raivosos cães das redes sociais...
Ainda assim, fica a dica para a futura primeira-dama: Se começar nesse tom, Vossa Excelência vai ter problema.
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