Após dois anos, recursos estrangeiros em títulos da dívida voltam a crescer
Após dois anos com fluxo negativo de recursos de estrangeiros financiando a dívida pública brasileira, o Tesouro Nacional registra até novembro de 2018 uma ampliação de R$ 15,8 bilhões no estoque de títulos nas mãos de investidores não residentes. O incremento na participação é visto como positivo pelo governo, embora a evolução ainda seja lenta em relação aos anos pré-recessão. Os investidores estrangeiros resgataram em 2016 R$ 70 bilhões que estavam aplicados em títulos do governo brasileiro, além de outros R$ 11,5 bilhões no ano passado, em meio à percepção de que financiar o País era mais arriscado naquele momento. O período foi marcado pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, pela deterioração no cenário fiscal e pelas denúncias contra o presidente Michel Temer. As dificuldades em aprovar uma reforma da Previdência, considerada essencial para equilibrar as finanças, também ampliam as incertezas. “É um resultado importante ter acréscimo na participação de estrangeiros após quedas em 2016 e 2017”, afirmou o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Beier Lobarinhas. Apesar disso, ele reconheceu que o ritmo de ingresso de investidores estrangeiros está bem aquém do observado no passado. Em 2015, por exemplo, os não residentes elevaram o estoque de dívida brasileira em suas mãos em R$ 90,9 bilhões. Com uma evolução mais lenta dos estrangeiros, outros grupos de investidores estão financiando o governo brasileiro, como fundos de investimento e instituições financeiras. Assim, mesmo com o ingresso líquido de não residentes, a participação deles no total da dívida brasileira vem caindo, de 12,12% em dezembro do ano passado para 11,74% em novembro de 2018. Lobarinhas evitou traçar qualquer expectativa para o ano que vem. “Não gostaria de especular a respeito das perspectivas para estrangeiros em 2019, vamos ver como isso vai se desenvolver”, afirmou. Em meio a prognósticos de que a dívida pública está em trajetória explosiva, o Tesouro também destacou que a parcela dos títulos que vencem nos próximos 12 meses está em queda. No mês passado, eles eram 16,37% do total da dívida pública brasileira. Isso dá segurança para a gestão da dívida porque o governo precisa refinanciar esses papéis ou então pagar ao investidor usando o dinheiro que tem em caixa. Num momento de volatilidade, o Tesouro pode então aguardar um cenário mais propício para emitir os títulos necessário – sem ter de pagar muito caro ao investidor. “Quanto menos vencimentos tivermos em 12 meses, maior é a capacidade de gestão de dívida para enfrentar turbulências, sejam elas quais forem”, explicou Lobarinhas, quando questionado sobre a importância desse indicador num momento de transição de governo e definições de política econômica. Hoje a dívida pública federal soma R$ 3,826 trilhões.
Estadão Conteúdo
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