A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos intensificou os bombardeios aéreos sobre Raqa, em apoio às forças curdo-árabes, que seguem avançando em sua campanha para expulsar o grupo extremista Estado Islâmico (EI) de seu principal reduto na Síria. Nesta sexta-feira, no leste da cidade, prosseguiam os combates em terra entre os extremistas e as Forças Democráticas Sírias (FDS), respaldadas por Washington, que na terça-feira anunciaram o início do cerco final a Raqa.
“Os bombardeios da coalizão internacional continuaram por toda a noite em Raqa e seus arredores”, informou à agência France Press o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman. “Vinte e três civis morreram nesta quinta-feira à noite em [virtude de] 25 ataques aéreos”, afirmou Rahman. Entre as vítimas, quinze pessoas morreram em um ataque contra um cibercafé na periferia oeste de Raqa, onde estão posicionada as FDS que tentam atacar a cidade pela frente ocidental.
A coalizão internacional antiextremista fornece às Forças Democráticas armas, apoio aéreo e conselheiros para suas operações terrestres. Os bombardeios aéreos da coalizão buscam, segundo Abdel Rahman, “quebrantar as capacidades do EI, abrir caminho para as FDS no leste da cidade e possibilitar o cerco em outras frentes”.
A batalha de Raqa é uma das principais frente da guerra que sacode a Síria desde 2011 e já deixou mais de 320.000 mortos. Capturada pelos extremistas em 2014, a cidade se tornou o símbolo das atrocidades do EI e a base para o planejamento de atentados no exterior. Segundo o Pentágono, restam até 2.500 combatentes do EI em Raqa.
40.000 crianças em perigo
Dezenas de milhares de civis fugiram da cidade e de seus arredores desde que as FDS lançaram em novembro a sua vasta operação para expulsar o EI de seu principal reduto na Síria. Cerca de 160.000 pessoas ainda moram em Raqa.”A vida de mais de 40.000 crianças está em perigo”, advertiu o Unicef nesta sexta-feira. “As crianças estão sendo privadas de suas necessidades mais básicas”, afirmou o diretor regional desta agência da ONU, Geert Cappelaere.
Abu Mohamad, ativista do coletivo “Raqa is being salughtered silently” (“Raqa está sendo massacrada em silêncio”) qualificou os bombardeios da coalizão como “absurdos”. Mohamaf afirma que, além dos bombardeios, as condições de vida pioram com a falta de água e de eletricidade, e com a abertura dos comércios por apenas “uma ou duas horas” ao dia.
O governo de Bashar al-Assad estima que recuperar Raqa seja uma “prioridade”, mas suas tropas ainda estão distantes da cidade. Na terça-feira conseguiram entrar na província de mesmo nome pelo oeste e, ajudados por bombardeios russos, tomaram do EI “vinte povoados”, segundo o OSDH.
Uma fonte militar síria disse na terça-feira que o objetivo do avanço das forças do governo na província de Raqa é “garantir a segurança da província [vizinha] de Aleppo contra os ataques dos extremistas”.
Ainda não está claro se existe algum tipo de coordenação entre as forças do governo sírio e as FDS.
(com AFP)
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