Pular para o conteúdo principal

Janot pede ao STF para investigar Decreto dos Portos de Temer

Procurador-geral da República quer apurar relação entre a Rodrimar, operadora de terminais no Porto de Santos, e o texto editado pelo presidente em maio

Ao apresentar denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-deputado federal e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pelo crime de corrupção passiva a partir das delações da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um novo inquérito para apurar a edição do decreto 9.048/2017, o “Decreto dos Portos”, em maio. Caberá ao relator das delações da empresa no Supremo, ministro Edson Fachin, decidir sobre o pedido do procurador-geral.
Janot quer apurar se a empresa Rodrimar S/A, que opera no Porto de Santos, tradicional área de influência política de Temer, foi beneficiada pela medida. As investigações da Polícia Federal na Operação Patmos flagraram conversas de Rocha Loures ao telefone em que ele articula com executivos da Rodrimar sobre o decreto e conversa com integrantes do governo, incluindo o presidente, sobre o assunto.
Em um telefonema a Gustavo do Vale Rocha, subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, Rocha Loures tenta convencer o interlocutor sobre a necessidade de discutir uma medida que beneficiaria empresas com concessões anteriores ao ano de 1993, a exemplo da Rodrimar, que tem um contrato nestas condições no Porto de Santos.
“Realmente é uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso… já conseguiram coisas demais nesse decreto”, advertiu Gustavo Rocha, que ouviu de Rocha Loures que era importante ouvir os interessados.
O deputado da mala também conversou com Michel Temer sobre a medida e, poucos minutos depois, ligou para Ricardo Mesquita, diretor da Rodrimar, para atualizá-lo sobre a edição do decreto dos portos. “É isso aí, você é o pai da criança, entendeu?”, disse Mesquita a Rodrigo Rocha Loures em uma das ligações em que trataram do assunto.
A denúncia apresentada ao STF lembra que, em conversas gravadas pelo ex-diretor de relações institucionais da JBS e delator, Ricardo Saud, Rocha Loures sugeriu o nome de Ricardo Mesquita como alternativa para receber o dinheiro de propina da empresa, ideia que não agradou a Saud. “O problema é o seguinte. Que… a gente já fez muito negócio lá com o Ricardo e com o Celso”, explicou o delator, em referência também a Antônio Celso Grecco, dono e presidente da Rodrimar.
Para Janot, há provas de que Rodrigo Rocha Loures “atuou para produção de ato normativo que beneficiara justamente a sociedade empresária possivelmente ligada às figuras de “Ricardo” e “Celso”, no caso a Rodrimar S.A., nas pessoas de Ricardo Conrado Mesquita, diretor, e Antônio Celso Grecco, sócio e presidente”.
No inquérito em que pretende apurar a relação entre a Rodrimar e o decreto dos portos, o procurador-geral da República também pede que sejam ouvidos, dentro de um prazo de 30 dias a partir da instauração da investigação, Antônio Grecco, Gustavo Rocha, o coronel João Baptista Lima Filho e o advogado José Yunes.
Lima Filho e Yunes, ambos amigos de longa data do presidente Michel Temer, foram citados por Rocha Loures a Ricardo Saud como costumeiros “homens da mala” de Temer que, naquele momento, contudo, não poderiam operar os pagamentos indevidos da JBS.
Em um diálogo com o ex-assessor presidencial, Saud comenta com ele sobre um lugar em que o dinheiro poderia ser entregue ao “cara da confiança de vocês”. “Pô, eu já entreguei dinheiro demais pro coronel lá, nunca deu problema”, disse o delator, referindo-se a João Baptista Lima Filho.

Apurações no Cade

No diálogo em que gravou Michel Temer, no Palácio do Jaburu, o empresário e delator Joesley Batista levou ao peemedebista uma demanda específica. Joesley pediu ajuda do governo em uma disputa entre a Empresa Produtora de Energia (EPE), usina termelétrica do Grupo J&F em Cuiabá (MT), e a Petrobras no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Temer indicou ao empresário como interlocutor responsável pela solução do problema e homem de sua “estrita confiança” Rodrigo Rocha Loures, que acabou flagrado recebendo 500.000 reais em propina das mãos de Ricardo Saud, valor combinado com Joesley Batista como propina pela ajuda no Cade.
Rodrigo Janot também quer apurar se houve, de fato, benefício às empresas do delator no conselho. O procurador-geral determinou a remessa integral da investigação à Justiça Federal de Brasília, “para adoção das providências pertinentes em relação à eventual prática de crime por parte de servidores do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE e da Petrobras”

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p