Em seu primeiro depoimento à Polícia Federal, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) optou por exercer seu direito de não se incriminar e permaneceu em silêncio. O “homem da mala”, como ficou conhecido após ser flagrado recebendo 500 mil reais de um executivo da JBS em um restaurante, foi questionado pelos investigadores nesta sexta-feira, como parte do inquérito da Operação Patmos, que mira ele e o presidente Michel Temer (PMDB), de quem foi assessor especial.
O ex-parlamentar está preso desde o último dia 3, quando o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Existe grande expectativa a respeito de uma possível delação premiada de Rocha Loures, que poderia comprometer Temer.
Segundo a colaboração do empresário Joesley Batista, do grupo JBS, o ex-deputado fora indicado pelo presidente da República para ser o interlocutor dos seus interesses no governo. A partir disso, Joesley teria acertado com Rocha Loures um esquema que envolvia a defesa de interesses da companhia junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que renderia cerca de 500 mil reais semanais de propina – o dinheiro da gravação, portanto, seria o pagamento da primeira parcela.
Em sua delação, o empresário afirma também que os recursos tinham como destinatário o presidente Michel Temer, que teria pleno conhecimento sobre o acerto dele e de Rocha Loures, que também envolvia pagamentos de propina para o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e para o operador Lúcio Funaro, que, assim, não fariam eles próprios colaborações com o Ministério Público Federal (MPF).
Desde o dia da revelação das delações e da gravação de uma conversa entre ele e Joesley Batista, o presidente Temer nega todas as acusações. Sobre o ex-deputado Rocha Loures, o presidente o definiu como “um rapaz de boa índole”, que teria se deixado levar por promessas do empresário da JBS.
(Com Estadão Conteúdo)
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