Pular para o conteúdo principal

Em vídeo, Temer nega interferência nos demais poderes

VEJA revelou que o governo acionou a Abin, o serviço de inteligência brasileiro, para bisbilhotar o ministro do STF Edson Fachin

Apesar de, nos bastidores, deflagrar o maior ataque já visto à Operação Lava Jato, o presidente Michel Temer (PMDB) fez um pronunciamento oficial nesta segunda-feira, publicado na internet, em que nega interferências do Executivo nos outros poderes. A declaração de Temer se dá após VEJA revelar que ele acionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para investigar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
“Nas democracias modernas, nenhum poder impõe sua vontade ao outro, o único soberano é o povo e não um só dos poderes, e muito menos aqueles que exerçam o poder. Sob meu governo, o Executivo tem seguido fielmente essa determinação. Não interfiro e não permito interferência de um poder sobre o outro. Em hipótese alguma, nenhuma intromissão foi ou será consentida”, afirma Temer no vídeo.
A reportagem de VEJA revelou que o governo mobilizou a Abin para bisbilhotar a vida de Fachin com o objetivo de encontrar qualquer detalhe que possa fragilizar sua posição de relator da Lava Jato e das delações da JBS no Supremo. O pecado do ministro, aos olhos do governo, foi ter homologado o explosivo acordo de colaboração do dono da JBS, Joesley Batista, que disparou um potente petardo contra o Planalto. A investigação da Abin, que está em curso há alguns dias, já teria encontrado indícios de que Fachin voou no jatinho da JBS durante o périplo para arrebanhar apoio político dos senadores à sua indicação ao STF.
No pronunciamento de quatro minutos, veiculado no canal do Palácio do Planalto no Youtube, o presidente declarou que o andamento da agenda de reformas propostas pelo governo no Congresso “é o resultado mais visível do respeito mútuo e do diálogo constante” com deputados e senadores.
“Meu apego à independência e harmonia entre os poderes tem resultados expressivos. As reformas promovidas já recolocaram nosso país nos trilhos do crescimento. Essas reformas promovem a modernização das relações trabalhistas e corrigem um sistema previdenciário injusto e desigual, combatendo todos os privilégios”, diz o peemedebista.
Embora tenha exaltado uma “presidência democrática” como “aquela que conta com apoio de uma base parlamentar unida em torno das medidas inadiáveis para transformar o presente e o futuro do Brasil”, Temer deixou de citar como procura preservar as relações com o Judiciário e suas instituições, a exemplo do STF e da Procuradoria-Geral da República, principais alvos de sua ofensiva.
O presidente se limitou a citar indiretamente, por seu “funcionamento pleno e livre”, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na sexta-feira absolveu a chapa Dilma-Temer de acusações de abuso de poder político e econômico e manteve o peemedebista no Planalto. “Na última semana, assistimos à demonstração da vitalidade da democracia brasileira com o funcionamento pleno e livre do Poder Judiciário. Essa força não surge do acaso, ela é possível em razão do mandato conferido pela Constituição às instituições públicas”, disse Michel Temer.

Acusações ‘montadas e artificiais’

No pronunciamento, Temer volta a desqualificar as acusações da delação premiada da JBS, que levaram à abertura de um inquérito contra ele no STF por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça.
O presidente repetiu a teoria conspiratória de que as revelações dos executivos da empresa, que incluem a gravação de uma conversa entre ele e Joesley, se deram no momento em que a economia dava sinais de recuperação.
“Justamente no momento em que saímos da mais grave crise econômica de nossa história, quando havia sinais claros de que as reformas teriam maioria no Congresso Nacional, assacaram contra meu governo um conjunto de denúncias artificiais e montadas. O estado democrático de direito não admite que as instituições públicas e seus responsáveis cometam irregularidades sob qualquer justificativa ou motivo. Na democracia, a arbitrariedade tem nome, chama-se ilegalidade. O caminho que conduz da justiça aos justiceiros é o mesmo caminho trágico que conduz da democracia à ditadura. Não permitirei que o Brasil trilhe esse caminho”, afirma Michel Temer.
Veja abaixo o vídeo com o pronunciamento de Temer:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p