O Centro que é um marco e uma resposta à incompetência, por Raul Monteiro*
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A inauguração do Centro de Convenções de Salvador pelo prefeito ACM Neto (DEM) na semana passada é um marco não apenas na sua trajetória como gestor como na história dos investimentos da Prefeitura da capital baiana. Além de ousadia e coragem – expressões apropriadamente usadas por ele em seu discurso na inauguração – para empreender, o prefeito demonstrou sensibilidade para entender a necessidade crucial do equipamento para a economia local e agilidade para entregá-lo à sociedade e a um setor que quase perdia as esperanças de contar com o espaço para se recuperar.
Mas a inauguração do Centro de Convenções da Prefeitura é também um marco político e uma resposta, muito elegante por sinal, à inconsequência e à incompetência. Ele substitui um equipamento construído na gestão visionária do ex-governador Roberto Santos que lamentavelmente, por falta de visão e manutenção, o governo do Estado deixou sucatear, levando a que fosse primeiro parcialmente interditado, em 2015, e finalmente fechado em 2017, depois de um desabamento em meio a um arremedo de recuperação que, por sorte, não fez vítimas fatais. Por sorte!
Os prejuízos causados pela façanha ao contrário são imensuráveis. Em meio a uma das mais severas crises econômicas do país, dezenas de hoteis fecharam e um número infinito de empregos e oportunidades esvaneceu no ar no segmento do turismo de negócios, concebido para dirimir a sazonalidade do setor, enquanto o governo do Estado falsamente se debatia num infindável rolo de questionamentos quanto ao que fazer com o espaço – se recuperar, demolir ou reconstruir em outro lugar – até finalmente relegar o assunto ao esquecimento pelo tempo, a despeito da destruição de tantos sonhos e vidas.
Quando o prefeito assumiu para si o desafio de consertar, em tempo recorde, o que estava destroçado, com recursos próprios da Prefeitura de R$ 130 milhões que poderiam ser dirigidos a outras tantas áreas igualmente carentes, ele também mostrou quem governa e verdadeiramente defende a cidade. Afinal, o que fora colocado em xeque era exatamente a vocação econômica da capital, mola propulsora de seu desenvolvimento e crescimento, como também da Bahia. Por uma questão de honestidade, o governo deveria reconhecer os méritos da iniciativa, que incluem sua modelagem de administração, entregue à iniciativa privada, saída impensada para o Estado que poderia ter salvo o Centro de Convenções antigo.
Nunca utilizar seus prepostos ou puxa-sacos para fazer pouco caso do empreendimento, alegando que ficou pequeno ou que parece um shopping. Na verdade, diante da decisão da Prefeitura de entregar à sociedade o Centro de Convenções no antigo parque do Aeroclube, parece até brincadeira ver um gestor dizendo hoje pelas redes sociais que vai fazer o Centro de Convenções do Estado no Pelourinho, mas que a medida será antecedida de melhoramentos no bairro para recebê-lo, numa espécie de competição infantil por quem faz também. O novo espaço, se for mesmo verdade que será construído, é até bem vindo. O que não é a embromação que despreza a inteligência do cidadão.
* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.
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