Temer à beira do abismo
Acusações de corrupção e uma conversa no mínimo imprópria com um empresário enrolado na Lava-Jato põem o presidente Michel Temer sob investigação
access_time 20 maio 2017, 08h26
Ainda que não se possa acusar Temer de ter maquinado o silêncio de Cunha, a conversa que ele manteve com Joesley Batista é absolutamente inapropriada. O presidente recebeu o empresário em encontro fora da agenda, à noite, no Palácio do Jaburu. No fim da conversa, ainda festeja o fato de Joesley ter conseguido chegar à residência oficial sem identificar-se na portaria. O conteúdo da conversa, no entanto, é ainda pior. Temer ouve, sem esboçar um mínimo sinal de surpresa, o relato de crimes que o empresário vem cometendo. Joesley relatou que estava “segurando” dois juízes e pagando uma mesada de 50 000 reais a um procurador que, infiltrado, vinha lhe repassando informações sigilosas. Em casas de família, uma cena dessas acaba com a decretação de voz de prisão. No Palácio do Jaburu, Temer disse “ótimo, ótimo”. Em linguagem jurídica, expôs-se à acusação de prevaricação.
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