Em carta, Dirceu compara delatores a ‘cachorros da ditadura’
Dias antes de ter prisão revogada, petista fez duras críticas ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro
access_time 3 maio 2017, 08h10 - Atualizado em 3 maio 2017, 08h12
Segundo o ex-ministro, há uma grande trama com o objetivo de colocar Lula na cadeia para que ele não seja candidato em 2018. Disse Dirceu: “Darão outro golpe, condenarão e prenderão Lula? Serão capazes dessa violência e ilegalidade? Veremos”.
Segundo o jornal, Dirceu leu 28 perguntas e, com base nelas, escreveu sua última carta do cárcere.
Dirceu foi condenado a 32 anos e 1 mês de prisão por Moro em dois processos da Operação Lava Jato. Ontem, terça-feira, foi aberta uma nova denúncia contra o petista pelo Ministério Público Federal, por receber mais de 2,4 milhões de reais em propina.
O petista escreveu na carta que espera ser absolvido de todos os crimes. “Se há juízes em Brasília sairei da prisão e serei absolvido. Trata-se de um processo político, sumário, de exceção.” E criticou as decisões de Moro. “Na prática, eu estou condenado à prisão perpétua. Basta somar as penas – 32 anos e 1 mês que, mesmo unificados, como determinou o juiz, são 25 anos e 6 meses. Como não se autoriza a progressão penal sem a repara ção do dano, serei obrigado a cumprir a pena em regime fechado. Toda a pena.” Dirceu escrevia antes do julgamento do habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, que o libertou.
Segundo Dirceu, as delações na Lava Jato são “forçadas, ilegais fruto das prisões preventivas”. “É delação ou prisão perpétua. Feitas de encomenda e de comum acordo são como os chamados ‘cachorros’ (presos que, sob tortura, aceitavam mudar de lado) da ditadura.” O petista afirmou ainda: ‘Não tinha e não tenho que delatar”.
Dirceu defende na longa carta formas para conter o poder do poder Judiciário. “Juízes e promotores têm lado, ideologia, são aliados de forças políticas e econômicas que deram o golpe. Foram transformados em celebridades.” E conclui: “É preciso aprovar a Lei de Abuso de Autoridade, rejeitar as 10 medidas (contra a corrupção) e submeter o Ministério Público Federal à lei. Abrir a caixa-preta de seus vencimentos, vantagens e privilégios, colocar o MPF sob controle externo e devolver à PF a sua função constitucional de polícia judiciária da União”.
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