A queda de Aécio Neves
Flagrado em negociações cabeludas, tucano perde o comando do partido, é afastado do mandato de senador e sela seu obituário político
access_time 21 maio 2017, 15h11
Ao determinar o afastamento de Aécio da atividade parlamentar, o ministro do STF Edson Fachin deixou claro que, se o tucano não fosse senador, ele deveria ser preso por tentar embaraçar a Lava-Jato. Escreveu Fachin: “Embora considere, como mencionado, imprescindível a decretação de sua prisão preventiva para garantir a ordem pública e instrução criminal, reconheço que o disposto da Constituição impõe, ao menos em juízo monocrático, necessidade de contenção”. Na visão do ministro, só o plenário da Corte poderia decretar a prisão do mineiro.
Desde o minuto em que soube das gravações até a noite de quinta-feira, Aécio alternou crises de choro, goles de uísque e conversas com advogados. Atendeu a poucas ligações e ignorou até mesmo telefonemas de assessores próximos. Recebeu em sua casa no Lago Sul apenas alguns senadores, como Tasso Jereissati (agora presidente interino do PSDB), e ministros de seu partido, como Aloysio Nunes. Aos que o visitaram, disse que seu único alento era o fato de a mulher, Letícia, e os filhos gêmeos não estarem em casa, no momento das buscas feitas pela PF. Eles haviam viajado para o Rio Grande do Sul, onde vivem os pais de Letícia. Segundo os interlocutores do senador, sua principal angústia nesses dias era a prisão da irmã. Aécio mobilizou advogados e amigos em busca de um meio de libertá-la. No telefonema que deu ao ex-ministro do STF Carlos Velloso, chorou. “Ela é quase uma mãe para mim”, disse.
Com reportagem de Renato Onofre e Bruna Narcizo
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